Os trabalhadores tomam cada vez mais consciência das relações do trabalho com o meio ambiente. No dia 22 de Maio, quando se celebra o Dia Internacional da Biodiversidade, e no ano da cimeira Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável), é bom lembrar a importância da biodiversidade para os trabalhadores.
A diversidade dos seres vivos ou biodiversidade, tem expressão desde a diversidade genética, até à diversidade dos ecossistemas, passando pela diversidade das espécies de seres vivos que habitam o planeta. O homem, como ser vivo que é, necessita dos outros seres vivos para viver. Para além disso, todas as atividades humanas, estão dependentes direta ou indiretamente dos seres vivos.
As atividades económicas dos setores produtivos ou dos serviços estão dependentes de outros seres vivos. Basta verificarmos que desde a nossa alimentação, passando pelo vestuário, pela produção de medicamentos, bem como as diferentes indústrias têm na base seres vivos. Nos transportes os combustíveis fósseis resultam da fossilização de seres vivos que viveram há milhões de anos. Até para termos energia elétrica necessitamos de seres vivos: nas turbinas utilizadas para a sua produção há lubrificantes provenientes do petróleo, que por sua vez resulta da transformação de restos de seres vivos que viveram há milhões de anos. Neste caso, a situação não resulta da acção do homem, claro!
Mas o homem pela sua ação tem provocado a destruição e fragmentação de ecossistemas. O ritmo de extinção de espécies tem aumentado devido a essa ação. Sabemos que se este caminho não for revertido rapidamente as perdas serão cada vez mais difíceis de recuperar e nalguns casos será impossível voltar a uma situação saudável e durável, tornando o planeta inabitável.
Pelo fim da taxa para visitar áreas protegidas
Em Portugal notamos que há problemas na conservação da natureza e até no usufruto da ainda rica biodiversidade portuguesa por parte da sociedade. É disso exemplo a ação do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, que tem mantido a taxação dos pedidos para a realização de atividades de visita em grupo a áreas protegidas. Assim um grupo de familiares, de amigos ou de colegas de trabalho tem de pagar 152 euros para visitar uma área protegida (Parque Nacional, Parques Naturais ou Reservas Naturais).
A cobrança de uma taxa de 152 euros para visitar espaços naturais não vai aproximar os cidadãos da natureza. O caminhar ao ar livre e o contacto com a natureza constituem um estímulo essencial para a educação e formação ambiental. O contacto com a natureza contribui para retemperar as forças de quem trabalha e não deve ser vedado à sociedade de forma direta ou indireta.
É um facto que é necessário mais investimento para as áreas protegidas, em Portugal continental existem atualmente apenas 180 vigilantes da natureza em funções. Esse número de vigilantes não é suficiente para cobrir nem metade do território. Não são precisas mais taxas, mas é sim necessário que haja uma maior percentagem do Orçamento de Estado dedicada a esse serviço público e não uma sucessiva diminuição das verbas disponíveis para as áreas protegidas, que ocupam 20% da área do território.
Rio+20: uma oportunidade para o Desenvolvimento Sustentável
20 anos após a cimeira Eco 92, vai realizar-se, de 20 a 22 em Junho, no Brasil a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. Um dos temas a ser discutido é a economia verde. Nesse sentido é essencial que, se intensifiquem as ações que promovam a conservação da biodiversidade do planeta. É necessário que sejam fixados objetivos ambientais precisos e que todos os países se comprometam a cumpri-los. O pilar ambiental é um pilar essencial do Desenvolvimento Sustentável, a par dos pilares económico e social. Como trabalhadores temos por isso de dizer que para haver um verdadeiro desenvolvimento sustentável tem de haver um meio ambiente saudável e temos de afirmar a toda a hora que tem também de existir trabalho digno e uma repartição equitativa da riqueza gerada pelo trabalho. Esta é uma reivindicação da CGTP-IN. O governo português e os governantes que representam os povos de todo o mundo têm de ter isso presente quando estiverem a negociar o documento final que vai sair do Rio+20.
Entre 11 a 19 de Junho, na mesma cidade, serão realizadas actividades paralelas, organizadas pelas ONG e organizações sindicais. Quem quiser acompanhar e contribuir nestas reflexões pode aceder pelo endereço seguinte: http://rio20.net/pt-br/iniciativas/inscricoes-e-metodologia-da-cupula-dos-povos