As projecções do Banco de Portugal para a economia portuguesa (2012-2014), acabadas de divulgar, indicam que a recessão económica vai continuar este ano. A previsão do Banco de Portugal (-1,9%) é quase o dobro da constante Relatório do Orçamento de Estado para 2013.
Projecções económicas (%)
|
2012 |
2013 |
2013 |
|
Governo |
Governo |
BP |
PIB |
-3,0 |
-1,0 |
-1,9 |
Consumo privado |
-5,9 |
-2,2 |
-3,6 |
Consumo público |
-3,3 |
-3,5 |
-2,4 |
Investimento (FBCF) |
-14,1 |
-4,2 |
-8,5 |
Exportações |
4,3 |
3,6 |
2,0 |
Emprego |
-4,3 |
-1,7 |
-1,9 |
Taxa desemprego |
15,5 |
16,4 |
|
Inflação |
2,8 |
0,9 |
1,0 |
Fonte: Governo e Banco de Portugal (BP)
A CGTP-IN salienta o facto do próprio Banco de Portugal rever em baixa as suas anteriores projecções. Em Outubro previa uma recessão de -1,6% enquanto o Governo continuava a afirmar que haveria uma retoma do crescimento económico no segundo trimestre de 2013. Foram as medidas de austeridade contidas no Orçamento de Estado para 2013 que levaram o banco central a alterar baixar o valor para o crescimento económico.
Nesta mesma perspectiva, a CGTP-IN considera que o panorama poderá ser pior que o anunciado pelo Banco de Portugal. De facto, a quebra do rendimento dos trabalhadores e dos pensionistas, devido à redução do poder de compra dos salários e do aumento da carga fiscal, bem como das medidas anunciadas para a Administração Pública, poderão conduzir a uma maior diminuição do consumo, privado e público. Como se verifica uma clara desaceleração das exportações, há o risco de uma recessão superior em 2013. Esta desaceleração torna ainda mais evidente a necessidade da dinamização da produção nacional e a melhoria da procura interna, pela via do aumento dos salários, do Salário Mínimo Nacional e das pensões.
O Banco de Portugal prevê a recuperação económica em 2014 (1,3%), mas salienta que os riscos de falha na previsão serão muito maiores devido a não ter admitido medidas adicionais de ajustamento (ou seja, de austeridade) em 2014. A menos que haja uma mudança nas políticas económicas, poderá não haver a luz ao fundo do túnel em 2014. Agravar a austeridade, como pretende o Governo, com medidas de redução da despesa pública a serem aplicadas a partir de 2014 terá, para além das suas consequências económicas, um impacto sobre o crescimento.
Estas previsões demonstram uma vez mais que o país não pode manter políticas que estão a destruir o tecido económico e social do país. O Banco de Portugal não indica a taxa de desemprego prevista mas refere que o actual processo “não deixará de implicar também a destruição de postos de trabalho e encerramento de empresas pouco produtivas” – pouco produtivas, ou empresas que encerram porque
não conseguem vender os seus produtos devido a não haver procura interna suficiente? Mas prevê uma nova diminuição do emprego este ano em cerca de 2%, o que terá consequências no aumento do desemprego. Desde 2008 foram destruídos perto de 650 mil empregos. É insustentável manter esta situação.
Fonte: INE, Governo e Banco de Portugal
Nota: A perda de emprego é calculada com base na seguinte variação anual do emprego: -2,8% em 2009; -1,5% em 2010; -2,8% em 2011, -4,3% em 2012; -1,9% em 2013
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 15.01.2013