O Governo PSD\CDS, com a decisão de avançar 4,9 mil milhões de euros de dinheiros públicos para o BES\”Novo Banco”, demonstra que de nada valem os compromissos assumidos com os portugueses quando se trata de dar a mão ao grande capital. A forma escolhida, com o anuncio a recair sobre o governador do Banco de Portugal (BdP), o mesmo que em uníssono com o governo garantia a solidez do BES e a existência de capitais próprios para todas as eventualidades, mais não é que uma fuga às responsabilidades por parte do Governo e a tentativa de iludir os trabalhadores e o povo mascarando de técnica, uma opção que é política.
Ao contrário do afirmado, é o dinheiro dos portugueses que está a ser aplicado nesta operação, sendo que os 4,4 mil milhões de euros que têm origem na tranche da troica custam mais de 330 milhões/ano aos contribuintes e parte do restante resulta de uma contribuição sobre o sector financeiro que varia entre os 0,0001% e os 0,05% e contrasta com a brutal carga fiscal sobre os rendimentos de quem trabalha e trabalhou, canalizados para tapar os buracos originados pela alta finança.
Ainda que muitos contornos da intervenção estatal estejam ainda por esclarecer, a CGTP-IN denuncia o processo de branqueamento que poderá estar em curso ao Grupo Espírito Santo (GES), ilibando os seus negócios na área da saúde, do imobiliário, do turismo, da agricultura, da energia e as posições do grupo nas PPP rodoviárias, de quaisquer responsabilidades.
Assim, estamos mais uma vez confrontados com um gigantesco desvio de recursos por parte de um Governo que ao mesmo tempo que diz faltarem meios para a educação e a saúde, a protecção social e os serviços públicos, desvia milhares de milhões de euros do erário público para salvar os negócios do GES dos principais accionistas do BES. Milhares de milhões de euros que vão, mais uma vez, ser sacados aos rendimentos dos trabalhadores e aos pensionistas.
A CGTP-IN exige que se proceda a todas as diligências e investigação criminal no caso BES e que seja usado o património dos grandes accionistas para fazer face às perdas conhecidas e àquelas que se venham revelar, e não os recursos financeiros do Estado. A situação no sistema financeiro e a proliferação de “esquemas” fraudulentos “muito difíceis de detectar”, como refere o governador do BdP, exige ainda um reforço do controle público no sector financeiro, colocando-o ao serviço do desenvolvimento económico e social do país.