Ministério cede aos interesses da Indústria. Utentes vão pagar mais, directa ou indirectamente.
CGTP-IN exige publicação da totalidade do ACORDO.
PARA A CGTP-IN
- É inadmissível a total subjugação dos interesses do SNS à Indústria Farmacêutica
- É intolerável que o Ministério da Saúde e Governo, com o presente Acordo potencie o aumento dos gastos com medicamentos, por parte dos Utentes e do Estado
- É imperioso a divulgação da totalidade do Acordo estabelecido entre APIFARMA e Ministério
Comunicado de Imprensa n.º 009/06
MEDICAMENTOS
ACORDO entre APIFARMA e MINISTÉRIO DA SAÚDE
Ministério cede aos interesses da Indústria e
Utentes, directa ou indirectamente, vão pagar mais.
CGTP-IN exige publicação da totalidade do ACORDO.
A CGTP desconhece a totalidade do Acordo integral assinado dia 10 de Fevereiro entre a APIFARMA e o Ministério da Saúde. No entanto, com base nas notícias divulgadas, desde já emite as seguintes considerações:
1 – Falácia na formação de preços dos Medicamentos
Actualmente o preço de cada medicamento em Portugal é fixado com base no preço mais baixo desse medicamento em três países: Espanha, França e Itália. Agora passa a ser fixado com base nos preços médios de quatro países, incluindo de novo a Grécia.
Com os dados disponíveis, podemos afirmar que os preços dos medicamentos em Portugal, na globalidade, vão subir. Ou seja, os Utentes (directamente) e o Estado (através das Comparticipações) vão pagar mais na totalidade.
2 – Demagogia em torno do tecto de crescimento dos gastos com medicamentos e do Fundo de Investigação … sempre a favor da Indústria
É referido que foi acordado o estabelecimento de um tecto para o crescimento dos gastos com medicamentos: Em 2006, na área do ambulatório será de 0% e na área hospitalar de 4%. Em 2007, na área do ambulatório terá a referência do crescimento nominal do PIB e na área hospitalar desconhece-se.
É ainda referido que caso estes tectos sejam ultrapassados, a Indústria reembolsa o Estado em 35 milhões de euros (2006) e 45 milhões de euros (2007) revertidos para um Fundo de Investigação, com o objectivo de financiar projectos desenvolvidos por empresas farmacêuticas com forte inovação tecnológica.
Conhecendo-se pouco deste Fundo de Investigação, sabe-se que:
- É gerido pelo INFARMED segundo os interesses da indústria, pois serão eles os beneficiários desse fundo para efeitos de Investigação.
- Beneficiará certamente as empresas multinacionais que têm, relativamente às empresas nacionais, a vantagem competitiva dos recursos e a capacidade de apresentarem projectos a financiamento.
- Tem desde já a monitorização pela própria indústria, num comité em que se sentam em paridade com o Estado, situação nunca vista.
PARA MONITORIZAR O CRESCIMENTO DA DESPESA HOSPITALAR EM MEDICAMENTOS, levantam-se desde já três questões:
1 - O Ministério da Saúde sabe qual o actual gasto com medicamentos por hospital, por medicamento e por companhia fornecedora?
2 - As unidades hospitalares têm Sistemas de Informação para monitorizar o crescimento da despesa?
3 - O Ministério da Saúde tem uma estratégia de melhoria da qualidade da prescrição a implementar? Quais os seus objectivos, a sua metodologia, os meios envolvidos, a sua estratégia por Unidade Hospitalar e o seu cronograma?
A não haver resposta a esta última questão poderemos afirmar que este acordo representa a total subjugação do Ministério da Saúde aos interesses da Indústria, porque os gastos vão continuar a aumentar.
SE HOUVER UM AUMENTO DA DESPESA ACIMA DOS TECTOS FIXADOS, OS ÚNICOS QUE PERDEM SÃO OS UTENTES, O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE E O ORÇAMENTO DE ESTADO…a Indústria ganha sempre
Vejamos, se houver um aumento da despesa acima dos tectos fixados:
- O SNS continua a pagar mesmo que seja acima do valor dos tectos - é sempre despesa!
- Os Utentes continuam a pagar (não está previsto nenhum mecanismo de redução do valor a pagar pelo utente);
- O Orçamento de Estado perde impostos, pois estão previstas isenções de impostos para as verbas que foram destinadas para o Fundos de Investigação;
- A Indústria é a única que ganha (mais as farmácias e os armazenistas), pois além de vender mais do que devia, é isentada de impostos e arrecada o preço da investigação, que em principio teria de ser ela a pagar;
A CGTP-IN:
- Recorda que
em anteriores Acordos com a APIFARMA, o volume económico pago pela Indústria, decorrente da ultrapassagem dos tectos de despesa, revertia para o SNS, por abatimento na dívida hospitalar com medicamentos, constituindo uma espécie de almofada de travão ao crescimento da despesa;
- Afirma que o Fundo de Investigação ainda poderia ser uma boa ideia se se destinasse a financiar projectos de interesse do Serviço Nacional de Saúde e da iniciativa das instituições de Saúde.
Importa ainda referir que o Acordo:
- Parece prever cláusulas de salvaguarda que podem facilmente isentar a APIFARMA de pagar os citados valores decorrentes do aumento da despesa acima dos tectos;
- Ao estabelecer um preço máximo por medicamento e deixar ao critério da Indústria o seu ajustamento, suspende o ajustamento de preços dos medicamentos previsto na legislação actual, cujo único sentido é precisamente impedir aquela baixa de preços.
- Prevê um aumento do valor dos preços genéricos, ao admitir que estes possam ter um preço 20% inferior ao dos originais, quando agora é de 35%.
PARA A CGTP-IN
É inadmissível a total subjugação dos interesses do SNS à Indústria Farmacêutica
É intolerável que o Ministério da Saúde e Governo, com o presente Acordo potencie o aumento dos gastos com medicamentos, por parte dos Utentes e do Estado
É imperioso a divulgação da totalidade do Acordo estabelecido entre APIFARMA e Ministério
Lisboa, 13.02.2006
DIF/CGTP-IN