Camaradas,

Que grande jornada de luta, que poderosa afirmação dos direitos, que demonstração da força dos trabalhadores unidos na exigência de respostas e soluções.

Saudamos todos os que vindos dos quatro cantos do país enchem as ruas de Lisboa com a reivindicação duma vida melhor.

Saudamos os trabalhadores em luta, os que no sector privado e público rejeitam as falsas inevitabilidades e lutam por melhores condições de trabalho, melhores serviços públicos, mais direitos.

Saudamos os reformados e pensionistas que dizem não à perda de poder de compra e ao logro do aumento de 2023 e que lutam pela efectiva melhoria das reformas e pensões.

Saudamos todos os que têm elevado a luta, que mobilizam e esclarecem outros, que remam contra a maré da degradação e exploração que patrões e governo querem impor aos trabalhadores.

Sim camaradas, é brutal o contraste, incontornável o aumento das desigualdades e evidente a opção política pela acumulação de riqueza nas mãos de uma minoria, com prejuízo para quem trabalha e trabalhou e para o próprio país.

Os lucros batem recordes e em muitas empresas e sectores mais que duplicam, ao mesmo tempo que os salários e as pensões perdem poder de compra, a maioria empobrece, necessidades básicas ficam por satisfazer…

Isto não é, não pode ser, uma inevitabilidade. Isto é o resultado de opções políticas, isto tem um nome e chama-se exploração!

Podem tentar mascarar, dizer que é a guerra, que é a “espiral inflacionista”, que foi a covid, que antes foi a crise, podem arranjar mil desculpas para justificar o injustificável.

A riqueza é criada pelos trabalhadores. A riqueza tem que ser melhor distribuída por quem a produz!

Não se combatem as desigualdades aumentando os rendimentos do capital e esmagando os salários e as pensões.

Lucros que aumentam com a especulação, com a cartelização, com o conluio do grande capital e a acção contemplativa do Governo, com a acção cúmplice dos partidos da direita, do PSD, do CDS, da IL e do Chega, qual orquestra que sob a batuta do grande capital e de Bruxelas amarra o país à dependência, empurra os trabalhadores e as suas famílias para o empobrecimento, condena os pensionistas a viver com reformas ainda mais desvalorizadas.

Uma acção que não toca nos lucros e privilégios dos grandes grupos económicos e financeiros, com um Governo sempre assertivo quando se trata de impor a perda de poder compra dos salários e pensões e tão passivo quando o escândalo dos colossais resultados das grandes empresas o obriga a fingir que faz alguma coisa…

Foi assim com a taxa sobre os lucros extraordinários, que o governo chegou a afirmar que “as empresas não estavam preparadas”, ou com o caso recente da grande distribuição, em que anunciam o estudo para a compreensão do que se está passar, ao invés de impor limites máximos nos bens e serviços essenciais, seja na alimentação, seja na electricidade ou no crédito bancário.

Os filhos dos trabalhadores são privados de bens alimentares e os accionistas da grande distribuição vão distribuindo dividendos de centenas de milhões de euros.

Dizem que “temos de deixar o mercado funcionar”, dizem que “não podemos controlar preços”, mesmo quando não sobram denuncias que o tal mercado é uma patranha, que há concertação de preços, que há uma clara especulação, quando uns poucos enriquecem muito com a miséria de tantos.

Quando tudo isto se passa, o Governo escuda-se no “estudo para a compreensão da formação do preço”.

Parece que querem fazer de nós parvos, e certamente haverá quem se preste a elaborar um belo estudo que confirme que tudo vai bem e que isto é mesmo assim… toda uma nova versão do “aguenta, aguenta mais austeridade”, que já derrotámos e que vamos voltar a derrotar!

Sim camaradas, é gigantesca a ofensiva ideológica e brutal a ofensiva patronal, que se aproveita para cortar no salário real, para não cumprir direitos, para aumentar ao máximo a exploração.

Uma ofensiva montada em cima de alterações à legislação laboral que deixam intocados todos os instrumentos que o grande capital tem ao seu dispor, que mantém a caducidade e continua a rejeitar a aplicação plena do princípio do tratamento mais favorável e assim fomenta a chantagem patronal.

Uma legislação que não reduz o tempo de trabalho ou fixa como máximo as 35 horas… tanto discurso sobre a Revolução Tecnológica, a Indústria 4.0, as ditas novas formas de produção, avanços que são fruto do trabalho, mas que apenas são colocados ao serviço da acumulação de lucros pelo capital.

Uma legislação que, apesar do alarido feito pelas Confederações Patronais, não prevê que cada posto de trabalho permanente tem de ser ocupado por um trabalhador com vínculo efectivo, que não trava a generalização da laboração contínua e dos turnos, que nos obriga a trabalhar de dia e de noite, de segunda a domingo, que nos tira o tempo para estar com a família ou para satisfazer quaisquer necessidades que tenhamos…

Uma legislação laboral que desequilibra as relações laborais (que fragiliza ainda mais os trabalhadores, favorecendo ainda mais o patronato) e contra a qual aqui estamos a lutar, afirmando que há direitos que são intocáveis e outros que, até estarem consagrados, nos farão agir, reivindicar, esclarecer e mobilizar cada vez mais trabalhadores para a luta.

E daqui dizemos que se desenganem os que pensam que podem limitar a liberdade sindical ou o direito à greve. Cá estaremos para os afirmar e exercer como já fizemos no passado e continuaremos a fazer.

O ataque aos direitos e salários faz-se ainda à boleia das opções do Governo para os trabalhadores da Administração Pública. Décadas de perda de poder de compra, de sangria de recursos, de desinvestimento crónico, faz com que funções sociais do Estado, que são em si o garante de direitos para toda a população, estejam hoje degradadas e em alguns casos ameaçados.

Faltam trabalhadores, faltam instalações e a resposta do governo é encerrar valências no SNS para que floresça o negócio da doença, é não responder às exigências na educação para fomentar o colégio privado, são as tentativas de enfraquecer a segurança social, é o recurso a entidades externas para tudo, seja na área do planeamento, seja na execução, deixando aí verbas que dizem não ter para valorizar os trabalhadores.

A falta de respostas, na saúde e na educação, na protecção social e na habitação são o resultado da opção política, da primazia ao mercado em detrimento da intervenção do Estado.

Na habitação, com rendas insuportáveis, juros que sobem a galope, a falta de soluções e de habitação pública é hoje uma evidência que nem o Governo esconde. Faltam casas porque PS, PSD e CDS se recusaram sempre a que houvesse uma resposta pública, apostaram sempre no negócio e na especulação.

O pacote do Governo para a habitação, ao invés de romper com esta dinâmica, alicerça-se e não se liberta da componente dos grandes negócios, com mais benefícios fiscais e outras medidas que não vão à raiz do problema, e por isso não são a solução de fundo que precisamos.

Camaradas, é tempo de dizer basta!

Queremos o que é nosso por direito.

Exigimos o aumento geral dos salários, um aumento real, que vá além da inflação que reponha e reforce o poder de compra, que nos permita viver!

Aumentar os salários e as pensões, elevar o poder de compra, impulsionar o consumo que resulta da satisfação de necessidades que hoje são negadas e, assim, dinamizar a economia, a produção e com ela o emprego com direitos.

Aumentar os salários em 10% com um mínimo de 100€, para a nossa vida melhorar e o País avançar. É uma questão de opção, aumentar os salários e aplicar as medidas que travem o brutal aumento dos lucros.

Aumentar os salários, no sector privado e no público, garantindo o direito à negociação e contratação colectiva, valorizando carreiras e profissões, fixando no nosso país todos os que aqui querem viver e trabalhar.

Dizem aos sete ventos que falta mão de obra, quando aquilo que falta são salários e direitos!

Efectivem os direitos, melhorem os salários e não faltarão trabalhadores. Garanta-se a todos, tenham ou não nascido no nosso país, os direitos e os salários, e assim se acabará com as situações infames que vão de Odemira à Mouraria, que estão presentes em todo o país e atingem cada vez mais camadas da população.

É tempo de o Governo arrepiar caminho e responder às nossas reivindicações, de colocar os interesses da população acima dos interesses impostos pelo capital e do comando a partir da União Europeia.

É tempo de abrir um novo caminho, em Portugal, na Europa e no Mundo, onde milhões de trabalhadores lutam contra o aumento custo vida e contra a exploração. É tempo de dar uma oportunidade à paz e pôr de lado os interesses que prolongam as guerras.

Daqui saudamos as lutas dos trabalhadores que se desenvolvem na Europa e no mundo, daqui enviamos uma saudação particular à luta dos trabalhadores em França e na Inglaterra.

Os trabalhadores aqui estão para afirmar e construir esse novo tempo. Uma construção que exige a intensificação da luta.

Daqui saudamos a greve de ontem dos trabalhadores da Administração Pública, as lutas dos professores e educadores, dos não docentes, a luta na saúde dos médicos, enfermeiros e restantes profissionais. A luta na administração local e de muitos outros trabalhadores da Administração Pública.

Saudamos as centenas de acções e lutas realizadas pelos trabalhadores do sector privado, da agricultura e das pescas, das IPSS’s e Misericórdias, da indústria transformadora e extractiva, da distribuição, do comércio e serviços, da hotelaria e restauração, da construção civil, bem como do sector empresarial do Estado.

Saudamos ainda de forma particular a luta das mulheres trabalhadoras e a sua participação em todas as lutas na semana da igualdade e em outras acções nas comemorações do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.

Saudamos estas lutas, não só pelos resultados que se obtiveram, mas também pelo que elas representam na elevação da consciência social e política, pelo que elas representam na manifestação de vontade de mudar, pela esperança e confiança que daqui sai para rasgar os projectos sombrios que nos querem impor.

Esta luta que aumenta, não vai parar enquanto não estiverem garantidos o aumento dos salários e das pensões e as nossas reivindicações.

Sim camaradas, os problemas, necessidades e anseios dos trabalhadores não podem ficar à espera, precisamos de respostas e soluções no imediato!

A luta tem de continuar com a acção reivindicativa nos sectores, nos locais de trabalho e nos serviços e tem de intensificar-se nas empresas e nas ruas, com a confiança de que a unidade

e mobilização dos trabalhadores são o motor da transformação social e do avanço nos direitos e nas condições de vida e de trabalho.

Luta que volta a convergir já no próximo dia 28 Março nas Manifestações de Lisboa e do Porto dos Jovens Trabalhadores, que recebem os mais baixos salários, que têm na precariedade do vínculo uma prática generalizada, que são massacrados com horários e ritmos de trabalho longos e desregulados, que não encontram casa a preços comportáveis. Jovens que querem ficar no nosso país, mas a quem a exploração convida à emigração forçada.

Luta que, num tempo de ataque às conquistas e valores de Abril, de incumprimento da nossa Constituição, ganha ainda mais importância no próximo 25 de Abril. Afirmar Abril é falar de direitos, é falar de justiça social e coesão territorial, é falar de desenvolvimento e de futuro.

Luta que terá no próximo 1º de Maio uma jornada maior da luta reivindicativa dos trabalhadores no nosso país, em que vamos trazer à rua os problemas do dia-a-dia e as soluções, em que vamos elevar a exigência de “Mais salário, mais direitos, melhores pensões! Lutar Contra o aumento do custo de vida e assim combater a exploração”.

VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!

VIVA A CGTP-IN!

A LUTA CONTINUA!


CGTP-IN
18.03.2023