Intervenção de Isabel Camarinha, Secretária-geral da CGTP-IN
Camaradas,
Saudamos os trabalhadores, os jovens e os reformados, saudamos todos os que hoje participam nesta concentração e enchem este largo para afirmar que são urgentes soluções para os problemas que nos afectam todos os dias.
Saudamos os milhares de trabalhadores que, no seu local de trabalho, lutam pelo aumento dos salários, pela garantia de direitos, pela elevação das condições de trabalho.
Numa altura que os lucros das grandes empresas continuam a atingir valores recorde, em que uma minoria se enche como nunca, ao ritmo de 25 milhões de euros por dia, os trabalhadores e os reformados são confrontados com um aumento do custo de vida insuportável.
Não tem de ser assim, não pode ser assim!
O Orçamento do Estado vai ser aprovado em nome da estabilidade. Estabilidade de quem? Estabilidade para quê?
Um Orçamento da política de direita, da política que deixa intocados os lucros e os privilégios da minoria.
Um Orçamento da política que impõe a perda de poder de compra para os trabalhadores da Administração Pública, que dá cobertura ao desastre das privatizações, que mantém a sangria do Serviço Nacional de Saúde, que não responde às necessidades da Escola Pública, que fomenta o negócio na habitação, um Orçamento apresentado pelo PS, que PSD, CDS, IL, CH defendem ter de ser aprovado e no qual, hipocrisias à parte, todos estes, em maior ou menor grau, se revêem.
Um Orçamento duma política que serve os interesses do capital, mas que falha ao trabalho, aos trabalhadores e ao desenvolvimento do país.
Um Orçamento das “contas certas” com mais 14,8% de verbas para benefícios fiscais aos grandes grupos económicos, com mais de mil milhões para as PPPs rodoviárias, que segue o caminho do empobrecimento e da fragilização dos serviços públicos para garantir os lucros e novos negócios ao grande capital, como é bem visível na saúde com mais de 8 mil milhões de euros para pagamento aos grupos privados.
Um Orçamento duma política que pode ser aprovada lá dentro, mas que aqui rejeitamos pelo seu conteúdo, pelas suas opções, por faltarem as medidas que valorizem o trabalho e os trabalhadores, melhorem os serviços públicos e tragam maior justiça social e coesão territorial.
Agora, como antes, o que se exige são respostas aos problemas dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas, dos jovens, das famílias.
Exige-se uma política alternativa que enfrente os interesses dos grandes grupos económicos e que rompa com o caminho de favorecimento desses mesmos interesses, que tem sido seguido pelo PS, com o apoio do PSD, CDS, CH e IL. As consequências dessa opção política estão à vista de todos: enquanto os trabalhadores passam por dificuldades e se degradam os serviços públicos e as funções sociais do Estado, com particular destaque para a grave situação em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde, aumentam os lucros do capital!
É urgente o aumento geral e significativo dos salários para todos os trabalhadores, em 15%, não inferior a 150 euros, como elemento fundamental para melhorar de imediato as condições de vida dos trabalhadores e garantir o futuro do País.
É urgente, necessário e possível! A riqueza criada pelos trabalhadores permite que todos os que cá vivem e trabalham o possam fazer com dignidade.
É preciso acabar com a profunda injustiça na distribuição da riqueza!
É necessário pôr fim à especulação que beneficia os grandes grupos económicos, controlar e reduzir os preços de bens e serviços essenciais, taxar os lucros das grandes empresas, travar o aumento das rendas e impedir os despejos, pôr os lucros da banca a suportar os aumentos da taxa de juro dos créditos da habitação e alterar o rumo da política que tem vindo a ser seguida e que empurra um número crescente de trabalhadores para a pobreza.
Exige-se uma política alternativa, que distribua a riqueza de forma justa, que respeite e valorize o trabalho e os trabalhadores, que defenda e invista nos serviços públicos e nas funções sociais do Estado.
Uma política que garanta que cada posto de trabalho permanente é ocupado por um trabalhador com vínculo efectivo, que revogue as normas gravosas da legislação laboral, nomeadamente as que atacam a contratação colectiva, permitem a caducidade dos direitos e negam o princípio do tratamento mais favorável.
Uma política que coloque os desenvolvimentos da ciência e da tecnologia ao serviço dos trabalhadores e avance para fixação das 35 horas como máximo para todos e em todos os sectores.
Numa altura em que se aproximam novas eleições para a Assembleia da República, lá vêm os mesmos esquemas, as mesmas mentiras, a mesma propaganda intoxicante que promove os mesmos de sempre e silencia e deturpa as forças que lutam por uma política alternativa.
Neste tempo de mentira, impõe-se ao movimento sindical na sua acção junto dos trabalhadores dizer a verdade, esclarecer e mobilizar para levar a luta ao voto.
Afirmamos que a valorização do trabalho e dos trabalhadores é central para o desenvolvimento do País.
Afirmamos que o que vai estar em jogo, no dia 10 de Março, é a eleição de 230 deputados e não a escolha de um primeiro-ministro e que na Assembleia da República têm de estar mais deputados comprometidos com os interesses dos trabalhadores, comprometidos com os valores e conquistas de Abril, comprometidos com o desenvolvimento do país.
Afirmamos que as maiorias absolutas são um entrave à resolução dos problemas dos trabalhadores, dos pensionistas, dos jovens e de todos os que vivem e trabalham no nosso país. Maiorias absolutas que se traduziram no agravamento das condições de vida e de trabalho e no crescimento das desigualdades.
Afirmamos ainda que ao contrário do que nos querem fazer crer, o resultado das eleições não está fechado.
O resultado das eleições será o que os trabalhadores, os reformados e pensionistas, os homens, mulheres e jovens do nosso país quiserem e é no contributo para o esclarecimento e a mobilização que nos vamos empenhar, convictos que a acção sindical se desenvolve no seio de cada empresa e local de trabalho e é com a luta que obtemos resultados, mas o voto é também uma forma de luta porque aquilo que se passa em cada empresa e em cada local de trabalho, aquilo que se passa na nossa vida e determina o nosso dia-a-dia, não pode ser desligado da relação de forças na Assembleia da República.
Vivemos um tempo em que a instabilidade da situação nacional e internacional reclama a participação, acção, intervenção e luta dos trabalhadores e dos povos em defesa da paz, contra a exploração, as desigualdades e as injustiças.
No Médio Oriente, o agravamento da situação e o alastramento da violência, têm conduzido à morte de incontáveis vítimas civis, com milhares de mulheres e crianças assassinadas, que merece condenação.
A situação que se vive na Palestina é de extraordinária gravidade e exige um cessar fogo urgente que pare com o massacre que o governo de extrema direita Israelita, suportado pelos EUA e os seus aliados na NATO está a perpetrar, um verdadeiro genocídio
É urgente uma solução política que garanta a concretização do direito do povo palestiniano a um Estado soberano e independente e o cumprimento das resoluções da ONU, nomeadamente quanto à criação dos dois Estados, concretizando o direito do povo palestiniano a um Estado soberano e independente.
Daqui saudamos os milhares que em todo o país têm saído à rua e apelamos à continuação da mobilização para as acções que continuam pela paz no Médio Oriente e em solidariedade com o povo da palestina e com todas as vítimas do conflito.
Pela paz, pelos direitos dos trabalhadores, pelo urgente aumento dos salários e das pensões, pela construção de uma política alternativa que force as soluções que faltam na nossa vida, é esta a matriz da nossa acção e intervenção, é este o nosso compromisso, é esta a luta que vamos intensificar em cada empresa, em cada serviço e na rua nas acções distritais que iremos realizar em Dezembro.
O tempo não é de “esperar para ver”, é de agir e lutar para resolver.
O tempo não é o da espectativa, mas sim o da reivindicação.
O tempo é o de avançar nos direitos, no reforço dos serviços públicos e no aumento geral e significativo dos salários!
VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!
VIVA A CGTP-IN!
A LUTA CONTINUA!