Estimativa rápida das contas nacionais do 3º trimestre não mostra o fim da recessão económica
O INE divulgou a estimativa rápida das Contas Nacionais do terceiro trimestre deste ano, a qual indica uma variação homóloga do PIB de -1% e uma variação face ao 2º trimestre de 0,2%. Com base nesta informação, está a procurar-se criar na opinião pública a ideia da “luz ao fundo do túnel” que seria o fim da recessão.
Os dados objectivos não permitem no entanto acalentar a ilusão do fim de um ciclo económico -marcado por uma brutal destruição da riqueza e por um empobrecimento generalizado (mas os mais ricos viram a sua riqueza aumentar!) da população – e a passagem a um ciclo em que a economia cresce e, em consequência, o rendimento aumenta.
Em primeiro lugar porque a economia continua em recessão: a evolução em termos de comparação com o 3º trimestre do ano passado indica uma variação de -1%.
Em segundo lugar porque, se em termos de comparação com o trimestre anterior há um crescimento de 0,2%, este valor pode ser considerado aquém do que poderia ser esperado considerando a evolução no trimestre anterior (1,1%) e o facto de se tratar de um período (o Verão) onde os factores de sazonalidade se fazem mais sentir. Em termos de variação trimestral, os dados apontam mais para uma estagnação do que para um crescimento. O que significa que não haverá claras melhorias na situação do país, considerando nomeadamente o nível de desemprego e o peso da dívida.
É de salientar também que o INE refere que a procura interna (o consumo e o investimento) teve um contributo menos negativo para a evolução do PIB e que a procura externa líquida diminuiu, ou seja que houve um aumento das importações. Na opinião da CGTP-IN, estes dados evidenciam a fragilidade do tecido económico – basta uma situação de estagnação conjuntural da economia para as importações crescerem – e o facto de não poder haver saída económica sem um relançamento da procura interna.
Em terceiro lugar porque mesmo esta estagnação vai ser posta em causa com as medidas previstas no âmbito do Orçamento de Estado para 2014, caso seja aprovado. A austeridade terá um efeito equivalente a 2,3% do PIB, através do corte dos salários e das pensões, o que terá efeitos recessivos em toda a economia.
O discurso do fim do ciclo económico choca com as intenções do Governo de cada vez mais austeridade. Para uma efectiva melhoria da situação do país é fundamental que se parem com os sacrifícios à população e se promova a valorização do Salário Mínimo Nacional e dos salários, bem como das pensões e reformas.