É imenso o rol de atropelos à dignidade humana e aos direitos dos trabalhadores na Lanifato, empresa de confeções em Belmontena, desde o controlo da ida à casa de banho até ao assédio moral, passando pelo atraso e discriminação no pagamento dos salários "menos obedientes", entre muitos outros. A denúncia foi feita ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa, numa Conferência de Imprensa.
“No acompanhamento que fazemos todos os meses a esta empresa verificamos constantemente que todos os meses a gerência da empresa tem uma nova ideia para fazer pressão sobre os trabalhadores” denuncia o sindicato.
O sindicato lamenta que os problemas nem com a intervenção da ACT - Autoridade para as Condições de Trabalho se resolvam porque a empresa nema os inspectores da ACT respeita. Quando o sindicato solicitou a presença da ACT, a gerente da empresa expulsou os inspectores e as dirigentes sindicais da porta da empresa, referindo: “podem passar as multas que quiserem, quem manda na empresa sou eu e não os quero da estrada para dentro do que é meu, se for preciso até os cães lhes solto...”
Num documento ontem distribuído à Imprensa, o sindicato textil denuncia exautivamente os atropelos cometidos na Lanifato:
Desrespeito completo com o Contrato Colectivo de Trabalho
Controla as idas à água e à casa de banho dos trabalhadores (Afixa no quadro da empresa quantas vezes e entre que horas o podem fazer);
Não paga as horas de ida ao médico;
Não paga as horas para acompanhamento dos filhos para as consultas médicas;
Não paga as horas para acompanhamento escolar dos filhos;
Recorre constantemente ao “trabalho suplementar – trabalho gratuito”, faz chantagem com os trabalhadores e ameaça com processos disciplinares;
Não paga uma única hora de “trabalho suplementar”;
Paga o salário sempre depois do dia 10 de cada mês;
Não actualiza os salários de acordo com as categorias profissionais;
Paga o subsídio de almoço em Tikets e utiliza os mesmos como forma de descriminar os trabalhadores, retendo Tikets aos trabalhadores que não fazem horas à tarde;
Discrimina os trabalhadores, fazendo o pagamento em datas diferentes;
Inventou as férias Volantes, no mapa de férias de 2017, colocou dias fixos e dias volantes, é certo que aqueles trabalhadores nunca tem a certeza de quando vão gozar férias, pois a empresa altera férias constantemente;
Pagamento dos subsídios, retém os subsídios aos trabalhadores que não obedecem;
Aos trabalhadores que ficam a fazer horas no final do dia, e que supostamente ficam com essas horas para tirar quando necessitarem, certo é que quando solicitam essas horas, a empresa não permite que as gozem e pede justificação para que as trabalhadoras justifiquem a ausência;
Tudo serve para instaurar processos disciplinares e para colocar de “castigo” as trabalhadoras em casa de suspensão sem vencimento;
Chama os trabalhadores para uma sala (sozinhos), para fazer pressão e ameaça-los, em determinadas alturas faz-se acompanhar pela advogada da empresa nestas pressões.
Vários trabalhadores com depressão que referem que não aguentam a pressão.
Um trabalhador chegou ao limite e colocou a carta de despedimento preferindo ficar sem trabalho a aguentar aquela situação, saiu com uma depressão profunda;
Uma trabalhadora chegou a ponto tal que no desespero nos referiu que se tivesse de voltar à empresa se suicidaria à porta da mesma, continua com uma depressão profunda;
Uma trabalhadora que há muitos anos sofre uma pressão extrema, a empresa mistura as questões pessoais com as profissionais, esta inclusive já instaurou processo-crime à proprietária da empresa.
Desrespeito completo pela actividade sindical;
Desrespeito completo da empresa aquando das intervenções da ACT (Autoridade Condições de Trabalho).
A empresa refere constantemente que dentro da empresa quem manda é ela e quem faz as leis é ela.
Ataque diário aos direitos consagrados.
FONTE: Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa