O Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte alertou hoje para salários em atraso e outras irregularidades em três empresas de Santa Maria da Feira que, alegadamente, estarão a operar no mesmo edifício de Rio Meão.
"As empregadas da [empresa] 20 Linhas estão sem receber salário desde novembro e também ainda não lhes foi pago o subsídio de Natal. Temos conhecimento de que está outras funcionárias da Corklink e da DiscoRolhas também estão sem receber há algum tempo", declarou à Lusa o dirigente sindical Nuno Cruz.
Essas três unidades de produção, transformação e comércio de cortiça são as que o sindicalista diz estarem envolvidas "numa situação muito esquisita", já que "todas operam no mesmo pavilhão da zona industrial de Rio Meão, apesar de cada uma estar registada numa morada diferente".
Nuno Cruz revela que laços de estreito parentesco entre os administradores dessas firmas "tornam ainda mais confusa a situação", na medida em que "o patrão da Corklink é genro do patrão da 20 Linhas e essa empresa presta serviços à primeira".
Outro alerta do sindicato prende-se com os contratos laborais das cerca de dez trabalhadoras afetadas às referidas firmas.
"Primeiro foi proposto às funcionárias da 20 Linhas que passassem a integrar a Corklink, mas sem lhes serem pagos os direitos relativos à antiguidade. Depois as empregadas da 20 Linhas foram despedidas devido a insolvência, mas, quando foram ao centro de emprego tratar da papelada para acesso ao subsídio de desemprego, não tiveram direito a nada porque o tribunal ainda não decretou insolvência nenhuma".
Nuno Cruz reclama uma fiscalização urgente a essas situações e realça que elas não afetarão apenas trabalhadores com vínculo legal às empresas, porque no referido espaço de Rio Meão "há pessoas a trabalhar à hora, sem descontos", e, mesmo fora do edifício, as firmas em causa "devem dinheiro a toda a gente".
Benvinda Pereira é uma das funcionárias da 20 Linhas que está sem receber parte do salário de novembro, a remuneração completa de dezembro e o subsídio de natal de 2017 e foi dispensada a 03 de janeiro com documentação que, no centro de emprego, se revelou inútil.
"A empresa mandou-nos para casa dizendo que não haveria perda de remuneração, mas a realidade é que ainda não conseguimos aceder ao subsídio de desemprego, também não podemos procurar emprego novo porque senão perdemos os nossos direitos e, entretanto, as contas continuam a chegar-nos a casa e temos filhos para criar", desabafa.
Reclamando uma posição por parte da empresa para solucionar esses problemas, Benvinda e as colegas anunciam agora para segunda-feira uma concentração na unidade de Rio Meão, onde se propõem "ficar à porta até verem isto resolvido".
A Lusa tentou contactar as três empresas envolvidas, mas tal não foi possível até ao momento.