O Dia Mundial Ambiente foi estabelecido a 5 de junho pela Assembleia-geral das Nações Unidas para marcar a abertura da Conferência de Estocolmo de 1972.

A alimentação é o tema escolhido, este ano, para assinalar o dia. A CGTP-IN associa-se ao desafio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que alerta para o facto de:


• A capacidade regenerativa do nosso planeta estar a ser excedida pela crescente população que coloca tanta pressão sobre o meio ambiente que, hoje em dia, os recursos naturais não são mais tão abundantes como eram. O modo como usamos recursos não-renováveis está a alterar radicalmente os nossos ecossistemas e até mesmo os recursos renováveis do planeta (como a água, a madeira e os peixes) estão rapidamente a exaurir-se. Alcançámos um ponto crucial em que a qualidade do ar e da água precisa de ser melhorada, o nível de produção precisa de ser equilibrado e a quantidade de resíduos gerados precisa de ser reduzida.


• A poluição e a sobre-exploração dos recursos do planeta estão cada vez mais a comprometer o nosso bem-estar e a nossa qualidade de vida. O planeta não tem condições para continuar a percorrer este caminho. A transição para um estilo de vida mais sustentável é crucial para tornar possível que as futuras gerações tenham acesso à sua parcela justa de recursos.

Pensar.Comer.Conservar
 
O lema do dia mundial do ambiente deste ano é “Pensar.Comer.Conservar”. Assim este ano o PNUMA recorda que:
 
• Enquanto o planeta fornece recursos para sustentar 7 mil milhões de pessoas (um número que chegará a 9 mil milhões até 2050), estima-se que um terço da produção global de alimentos é perdida ou desperdiçada. O desperdício de comida significa também desperdício de recursos naturais, contribuindo assim para impactos ambientais negativos.


• Quando o alimento é desperdiçado, isso também significa que todos os recursos usados para a produção desse alimento também foram perdidos. Por exemplo: são necessários mil litros de água para produzir um litro de leite e dezasseis mil litros de água para produzir um hambúrguer. A emissão de gases de efeito estufa das vacas e por toda a cadeia de abastecimento acabam por ser em vão quando desperdiçamos alimentos.


• O impacto do desperdício de comida não é apenas financeiro. Ao se tratar do meio ambiente, o desperdício de alimentos significa também o uso em vão de produtos químicos, como fertilizantes e pesticidas, bem como mais combustível usado para o transporte. Além disso, mais alimentos estragados resultam em maior emissão de metano — um dos gases de efeito estufa que mais contribuem para a mudança do clima.

Em Portugal é importante tomar consciência dos problemas ligados ao consumo de alimentos. Assim, é importante que se consumam mais alimentos produzidos em Portugal, estimulando assim o setor agrícola e o emprego, consumindo-se também menos energia no transporte.


O Governo deve ser exemplar no que toca à aquisição de alimentos para as cantinas das escolas, dos hospitais e de outros serviços. A aquisição de fruta e legumes frescos e de outros produtos alimentares biológicos e a produtores locais contribui para a sustentabilidade do planeta e estimula a economia local.


Os trabalhadores agrícolas estão num dos setores com maior precariedade em Portugal, e onde tem havido muitos casos de violação da legislação laboral. É um setor onde aumentou o desemprego em 53,1%, apesar da ministra da pasta ter manifestado a sua estranheza com o facto. O certo é que a ministra tem dado atenção ao grande negócio agrícola e não aos pequenos e médios agricultores, onde tem havido abandono da atividade.

O grande agro-negócio tem procurado expandir o uso de sementes transgénicas em Portugal, o que é perigoso pois as consequências da sua utilização são imprevisíveis. As multinacionais do agro-negócio procuram também fazer alterar a legislação comunitária e nacional de modo a restringir o uso de variedades agrícolas tradicionais.

É necessário garantir a segurança alimentar e a qualidade das variedades vegetais, mas seria desejável permitir a promoção de inúmeras variedades tradicionais que não fazem parte do Catálogo Nacional de Variedades (CNV). A variedade genética presente nas variedades tradicionais também é biodiversidade. Tem havido uma grande perda de biodiversidade agrícola que se situa na ordem dos 75%. A situação portuguesa também contribui para este panorama, tendo em conta que se têm perdido muitas variedades agrícolas, nas últimas décadas, nos nossos campos.

Uma maior produção de variedades tradicionais contribuiria para uma menor dependência externa, promoveria uma maior soberania alimentar, permitiria a manutenção e criação de emprego, assim como poderia facultar a exportação de produtos alimentares únicos.


Subsistem problemas em relação à alimentação durante o período de trabalho, com o tempo disponível para o efeito, para o acondicionamento e consumo dos alimentos, não existindo em muitos casos as condições de higiene necessárias para esse efeito. A situação agravou-se nos últimos tempos com a não atualização do subsídio de alimentação devido ao congelamento dos salários e ao bloqueio da contratação coletiva.

A CGTP-IN luta por um ambiente mais saudável e para que os trabalhadores tenham uma voz ativa no domínio do desenvolvimento sustentável, ideia que foi mais uma vez reafirmada na cimeira Rio+20.

Departamento para o Desenvolvimento Sustentável da CGTP-IN

Bibliografia:
http://www.unep.org/portuguese/wed/
http://www.unep.org/portuguese/wed/theme/
http://www.unep.org/portuguese/wed/sustainableconsumption