Posição da CGTP-IN sobre os resultados da COP 26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas):
COP26 - Respostas insuficientes e opções erradas para os trabalhadores e a humanidade
De há muito, a CGTP-IN vem lutando contra o modo de produção capitalista, potenciador de problemas ambientais, predador e explorador dos bens e recursos da humanidade.
Ao longo dos anos, o Movimento sindical vem alertando e exigindo atenção para as consequências previsíveis para os povos da degradação ambiental e das alterações climáticas.
Terminou a 26ª Conferência das Partes sobre as Alterações Climáticas, ou COP26. A declaração de Glasgow contém palavras tão importantes quanto mistificadoras das causas da degradação ambiental. A COP 26 acentua o caminho de mercantilização e financeirização do ambiente.
As emissões de gases com efeito de estufa devem ser reduzidas, sendo que as multinacionais e os países desenvolvidos devem ser responsabilizados e chamados a intervir, pois são principais responsáveis históricos por essas emissões. No entanto recusam-se a financiar os países em desenvolvimento e por eles explorados, para fazer face às alterações climáticas e têm em funcionamento os créditos de carbono para continuar a poluir impunemente. Além do poluidor-pagador, este sistema capitalista gera o poluidor-especulador, a quem é permitido continuar a poluir e ao mesmo tempo a lucrar à custa da exploração dos trabalhadores, dos povos e da natureza.
São os trabalhadores que em todo o mundo estão na linha da frente a sofrer o impacto das alterações climáticas que se fazem sentir cada vez mais.
A CGTP-IN denuncia o aproveitamento do discurso catastrofista para desvalorizar o trabalho, procurando justificar despedimentos, a retirada de direitos dos trabalhadores e o aumento da exploração, como está a acontecer com o anunciado encerramento da refinaria da GALP, em Leça da Palmeira, e das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego, com a cumplicidade do governo do PS e orientação da União Europeia.
Camuflada numa alegada defesa do ambiente, o governo PS e a União Europeia favorecem a transferência de avultados fundos públicos para servir os interesses dos grupos económicos e o aumento dos lucros dos seus accionistas, ao mesmo tempo que se acentua a dependência externa do país, já que a produção nacional é substituída por importações, acentuando ao mesmo tempo a pegada ecológica.
Por outro lado, recusamos o aumento de impostos decorrente da chamada Fiscalidade Verde, transferindo para os trabalhadores e o povo os custos da degradação ambiental causada pelo grande capital.
Nas últimas décadas fizeram-se privatizações e mercantilizações que fizeram aumentar as desigualdades económicas e injustiça ambiental à escala planetária.
A CGTP-IN continua a lutar: pela reposição do equilíbrio perdido na relação entre o homem e a natureza que o sistema capitalista impôs e vem acentuando; em defesa da diminuição da dependência de combustíveis fósseis e pelo desenvolvimento de alternativas energéticas assentes no controlo público sobre este sector estratégico; pela promoção do transporte público; pela rejeição dos mecanismos de mercado baseados na especulação que não resolvem o problema das emissões de GEE; pela rejeição da privatização e mercantilização da água; em defesa da produção e do consumo locais, rejeitando a liberalização do comércio mundial; contra a guerra, o militarismo e a industria armamentista enquanto fenómenos dos mais poluentes do mundo.
Lisboa, 17 de Novembro de 2021