Israel iniciou em 1948 com a Nakba - expressão árabe para catástrofe - a ocupação, repressão e o genocídio do povo Palestiniano. Os primeiros passos da criação do Estado de Israel foram a expulsão de 750 mil palestinianos das suas terras e das suas casas e na destruição de 500 das suas aldeias, substituindo os palestinianos por novos ocupantes judeus e passando a actuar como este povo e o seu país nunca tivessem existido – a Palestina.
Para assinalar este processo, os Palestinianos iniciaram, em Abril, a Grande Marcha do Retorno. Uma ampla mobilização a que Israel tem respondido com uma brutal repressão , causando centenas de mortos e milhares de feridos. Ontem mesmo, executou uma verdadeira carnificina, matando indiscriminadamente homens e mulheres indefesos, porque exigiam de forma pacífica a retirada de Israel do território histórico da Palestina; porque defendiam o direito inalienável ao regresso a uma terra que é sua, a viver em liberdade, a ter a sua pátria independente e soberana, com capital em Jerusalém Oriental – direito que lhe tem sido reconhecido por sucessivas resoluções da ONU.
A CGTP-IN condena o massacre do povo Palestiniano perpetrado por Israel com a cobertura dos EUA.
O carácter de classe da ocupação Israelita é um dos seus traços mais marcantes. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), muitos trabalhadores Palestinianos vêem-se obrigados a procurar emprego nos territórios ocupados ou nos colonatos israelitas (construções na terra dos Palestinianos), estando sujeitos às descriminações e arbitrariedades diárias das forças ocupantes. Desta forma criam-se as condições para a mais brutal exploração, com salários 50% mais baixos, situações de extrema precariedade e todo o tipo de arbitrariedades dos patrões, corrupção e intermediários que lhes usurpam grande parte do salário.
Mesmo nos territórios não ocupados, Israel impede ou condiciona o acesso da população ao emprego e a qualquer forma de subsistência, destruindo a produção e as instalações de produção, ou limitando o acesso a matérias-primas essenciais, leva a que muitas empresas e mão-de-obra palestiniana estejam subaproveitadas, quando não inactivas.
Os agricultores Palestinianos que vivem na zona leste do Muro Israelita (que divide a Palestina) têm necessidade de uma autorização de “visitantes” para terem acesso às suas terras situadas na dita zona “charneira”, passando por pontos previamente estabelecidos pelos ocupantes. Nenhuma viatura é autorizada a passar por estes pontos de acesso e as restrições à passagem de equipamento agrícola ou factores de produção – sementes, adubos, etc. – são enormes.
Os colonatos israelitas utilizam a seu bel-prazer recursos essenciais como: a terra, sobretudo os terrenos mais férteis; a água (um bem cada vez mais precioso e escasso, particularmente nesta região); ou terrenos para instalações industriais que são negados aos Palestinianos.
A brutal exploração e violenta ocupação agudizou-se ao longo destes 70 anos. O dia-a-dia dos Palestinianos é comprimido em territórios cada vez mais reduzidos, pela total dependência face a Israel para as necessidades diárias e básicas, particularmente gritante em relação à Faixa de Gaza, justamente considerada uma prisão a céu aberto (nela vivendo mais de 1 milhão de pessoas). São milhões os Palestinianos que se mantém refugiados, particularmente nos países da região, para além dos muitos milhares de prisioneiros políticos que Israel mantém e a quem aplica as mais bárbaras violações dos seus direitos, liberdades e garantias.
Uma verdadeira catástrofe agora agravada com a decisão dos EUA de transferirem, em violação do Direito Internacional, a sua embaixada para Jerusalém, demonstrando a hipocrisia da sua posição na resolução do problema. Esta provocação dos EUA releva o papel de Israel no Médio Oriente enquanto instrumento do imperialismo, um agente activo: da continua violação da Carta da ONU, do Direito Internacional e das suas resoluções; da agressão e ocupação ilegal de países vizinhos, violando a sua soberania e independência; de apoio ao terrorismo na Síria e de agressão a este país e ao seu povo; na saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão, criando um clima de confrontação directa com este país e ameaçando lançar o Médio Oriente numa guerra sectária de proporções dramáticas; na divisão dos povos do Médio Oriente para que o grande capital se apodere das suas enormes reservas de petróleo e gás natural.
A decisão de transferir a Embaixada dos EUA de Tel Avive para Jerusalém é uma grosseira provocação ao Povo Palestiniano e aos povos do Médio Oriente; é um intolerável apoio à política de Israel - política crescentemente repudiada pela comunidade internacional -, e que se concretizou ontem com a ausência de muitos países ao acto de transferência.
É urgente que a ONU desempenhe a sua função, travando o genocídio que está a ser cometido por Israel e que faça cumprir as suas resoluções.
No respeito pela Constituição da República, o governo português tem de assumir uma inequívoca posição de condenação destas atrocidades e tomar medidas no sentido de suspender, de imediato, quaisquer laços económicos ou políticos com o governo de Israel. Não basta não marcar presença no acto de transferência da embaixada americana. É necessário que o estado Português assuma uma posição frontal de condenação das acções de Israel e proceda ao reconhecimento do Estado Palestiniano.
A CGTP-IN reafirma a sua solidariedade inequívoca aos trabalhadores e ao povo Palestiniano, postura bem patente ontem, dia 14 de Maio, na acção pública de denúncia e protesto por nós co-organizada e apoiada por mais de 50 organizações e mais de 100 personalidades, à qual se juntaram centenas de pessoas no Largo Camões, em Lisboa.
A CGTP-IN apela a que os trabalhadores e as forças amantes da Paz aumentem a sua acção de denúncia e protesto e a que reforcem a solidariedade com este povo mártir. Israel detém uma das forças militares mais poderosas do mundo: potência nuclear não declarada e não subscritora do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, país que beneficia do financiamento e apoio militar dos EUA. Diante deste poderio e da teia de cumplicidades de que beneficia, está um povo que conta apenas com a sua força, unidade e luta e a solidariedade internacional para lhe fazer frente.
O povo Palestiniano, os trabalhadores e as suas organizações representativas podem contar com a firme e activa solidariedade da CGTP-IN e dos trabalhadores Portugueses.
Lisboa, 15 de Maio de 2018