A sequência de acontecimentos no Brasil evidencia a aposta do grande capital brasileiro e estrangeiro numa escalada reaccionária, protagonizada por Bolsonaro e o seu projecto de cunho fascista, contra os direitos dos trabalhadores, as liberdades e garantias democráticas.
Trata-se de uma agenda repleta de perigos que se iniciou com o golpe institucional que depôs Dilma Rousseff, o qual foi, desde o primeiro momento, denunciado pela CGTP-IN. Nela se insere também a ilegítima prisão de Lula da Silva, um processo em que a politização da justiça fica exposta pela proscrição dos direitos do candidato preferido pelo povo brasileiro: impedido de se candidatar, de participar na campanha eleitoral e de votar.
Uma agenda dirigida pelos grandes meios de comunicação social e por uma justiça politizada e ao serviço das políticas do governo Temer, cuja acção se focou no ataque aos direitos dos trabalhadores. Uma agenda para a qual não faltaram as ameaças de interferência no processo político por parte de altas patentes militares do país e as agressões promovidas por apoiantes de Bolsonaro. O seu resultado de este processo está à vista, tendo aumentado os problemas sociais (desemprego, pobreza, violência) e a crise de representação democrática, factores que agravaram as condições de vida dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Uma agenda de interesses e protagonistas que continuam a manobrar de forma astuta para impor Bolsonaro e o seu projecto para aprofundar este rumo de acelerado retrocesso nos direitos dos trabalhadores, acabando com os serviços públicos e as suas funções sociais, privatizando todas empresas públicas do Brasil e as suas imensas riquezas. Um projecto que suprime a liberdade e incute o ódio e um cunho fascista na sociedade para iludir o objectivo de fundo: a concentração da riqueza, o aumento das grandes fortunas e a distribuição de benesses pelos grupos privilegiados. Bolsonaro vem defendendo a tortura, o assassinato, a esterilização de pessoas; promove um discurso de ódio às forças políticas de esquerda e defende a sua criminalização; promove o ataque ao movimento sindical e a outras organizações sociais; defende o obscurantismo social do retrocesso nos direitos das mulheres, do racismo e da homofobia.
É possível cortar o passo ao fascismo. A CGTP-IN apela aos trabalhadores e ao povo brasileiro para que não se deixem enganar pela campanha mediática que tanto pelo apoio como pela banalização ilude o perigo da vitória de Bolsonaro e do fascismo no Brasil e o retrocesso dramático que esse passo acarretará para este país e para o mundo.
Partindo do seu compromisso inalienável com a luta em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores – da qual a solidariedade internacionalista é componente indissociável -, a CGTP-IN expressa a sua solidariedade às centrais sindicais e às forças políticas de esquerda e democráticas no Brasil, saudando o seu empenho na unidade de todo o povo numa ampla frente democrática para derrotar Bolsonaro e abrir caminho a um rumo de afirmação soberana e progressista.
INT/CGTP-IN
19.10.2018