nato militaresA NATO anunciou a realização de um dos maiores exercícios militares das últimas décadas em Portugal e Espanha.

As manobras militares previstas para o período de 28 de Setembro até 6 de Novembro, constituem mais um exemplo da postura intimidatória e agressiva do imperialismo patente no crescente número de guerras, ocupações, e bloqueios, nas quais se destacam as forças militares da NATO, dirigidas pelos EUA, com a participação dos seus aliados europeus. Uma associação que teve como consequência a invasão do Iraque e do Afeganistão, depois do encontro entre Bush, Blair, Aznar e Barroso nos Açores.

O desastre humanitário que se vive em vários países do Médio Oriente e do Norte de África, é o resultado directo das ingerências e intervenções externas, as quais estão a provocar uma calamidade com milhões de pessoas, nomeadamente crianças, jovens e mulheres, que fogem das guerras nos seus países ou nos países onde estavam refugiados, ao mesmo tempo que se transforma a zona do Mediterrâneo num verdadeiro cemitério a céu aberto.

Esta situação é potenciada pela intensificação das políticas neoliberais na União Europeia, que têm levado a guerras como na Ucrania e ao ressurgimento do nazi-fascismo, à regressão económica e social, à concentração da riqueza nos grupos económicos e financeiros e à agudização das desigualdades sociais. A orientação federalista, neoliberal e militarista da UE, fielmente seguida pelo governo português, constitui um violento ataque aos direitos, liberdades e garantias democráticas consagradas constitucionalmente.

Na verdade, o Tratado Europeu confirmou a dimensão militarista do actual "projecto europeu". Entre as medidas mais graves, contam-se a disponibilização, pelos Estados-membros, de capacidades civis e militares para o reforço constante da capacidade militar e da indústria de armamentos, num quadro de subordinação aos compromissos assumidos no âmbito da NATO.

Este aumento incessante de despesas militares desenvolve-se num quadro em que os trabalhadores e os povos se confrontam com um violento ataque às suas condições de trabalho e de vida, e que tem como brutais consequências o galopante aumento do desemprego, da precariedade, da pobreza, da exclusão social, das doença e da fome.

A CGTP-IN reitera que a existência da NATO não tem justificação e defende a dissolução deste bloco político-militar. A participação de Portugal na NATO é contrária aos interesses do povo português e viola os princípios expressos na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente, o seu Artigo 7, nº 2.

A defesa da paz exige o combate ao militarismo, à corrida armamentista e à instalação e permanência de bases militares estrangeiras, e neste caso concreto, da realização destes exercícios militares na Península Ibérica.

A CGTP-IN exige das autoridades portuguesas o estrito cumprimento da Constituição da República Portuguesa e o cancelamento das manobras militares que, coincidentemente, estão anunciadas para um período em que os portugueses decidem, em eleições legislativas, o seu futuro colectivo.

A CGTP-IN apela aos trabalhadores e ao povo para que repudiem estes exercícios militares e para que reforcem a sua intervenção e luta por um Portugal de paz, com soberania e justiça social.

DIF/CGTP-IN
Lisboa, 03.09.2015