Comunicado de Imprensa n.º 023/09
COMBATE À FRAUDE E EVASÃO FISCAIS PARECE TER ENTRADO EM PONTO MORTO!
O Relatório do Combate à Fraude e Evasão Fiscais referente ao ano de 2008 foi recentemente publicado e as conclusões mais relevantes poderão ser assim sistematizadas:
Resultados mais relevantes |
2006 |
2007 |
2008 |
Nível de eficiência fiscal (diferença de crescimento das receitas e do PIB) |
2,8 |
3,8 |
3,0 |
Nº de acções de inspecção |
132.486 |
127.841 |
137.887 |
Correcções à matéria colectável (M€) |
3.004 |
4.671 |
4.048 |
Correcções aos impostos em falta (M€) |
842 |
975 |
851 |
Nº de processos instaurados de levantamento de sigilo bancário (LSB) |
837 |
1.067 |
1.089 |
Nº de processos concluídos (LSB) |
988 |
978 |
1.014 |
Nº de decisões de levantamento do sigilo bancário |
364 |
37 |
62 |
Nº de recursos jurisdicionais (LSB) |
136 |
19 |
50 |
Nº de declarações de IRS recebidas |
4.294.268 |
4.371.037 |
4.489.323 |
Nº de declarações de IRS em falta |
86.086 |
117.922 |
127.026 |
Nº de declarações de IRC recebidas |
369.870 |
373.021 |
380.673 |
Nº de declarações de IRC em falta |
31.305 |
34.805 |
30.512 |
Nº de declarações periódicas de IVA |
3.851.401 |
3.871.467 |
3.851.901 |
Nº de liquidações oficiosas de IVA |
137.829 |
95.359 |
145.735 |
Valor das liquidações oficiosas de IVA (M€) |
218 |
158 |
152 |
Nº de liquidações oficiosas de IRC |
8.678 |
8.602 |
29.339 |
Valor das liquidações oficiosas de IRC (M€) |
55 |
59 |
134 |
Nº de acções de tributação por métodos indirectos |
2.028 |
1.949 |
2.157 |
Montante emitido em avaliação indirecta (M€) |
356 |
363 |
215 |
Com efeito, o nível de eficiência fiscal, que traduz a diferença entre a taxa de crescimento da receita cobrada pela Administração Fiscal e a taxa de crescimento do PIB, reduziu-se de 3,8% em 2007 para 3,0% em 2008;
Ainda que o número de inspecções em 2008 tenha ultrapassado o de 2007 (+7,9%), o facto é que as correcções à matéria colectável diminuíram 13% (menos 623 milhões de euros) e as correcções aos impostos diminuíram também 13% (menos 124 milhões de euros);
Em 2008, o número de processos de levantamento do sigilo bancário permaneceu ao nível do ano anterior, da ordem dos 1100 processos, mas o número de decisões de levantamento de sigilo bancário continuou a ser bastante diminuto (62 em 2008, quando em 2006 havia sido de 364);
Em 2008, os números de declarações em falta permaneceram a um nível bastante elevado, tanto a nível do IRS (127 mil) como do IRC (31 mil), e em valores superiores aos do ano anterior, o que traduz menos eficácia da Administração fiscal;
Em 2008, os números de liquidação oficiosa do IVA e do IRC tiveram um aumento muito importante, respectivamente de mais 53% e de mais 241%, traduzindo também menos eficácia junto do contribuinte;
Finalmente, em 2008, o montante emitido por avaliação indirecta baixou significativamente face ao ano anterior (menos 41%, a que corresponde menos 148 milhões de euros), ainda que o número de acções de tributação por métodos indirectos tenha ultrapassado o do ano anterior, atingindo as 2157 acções em 2008.
Esta situação aparece mais preocupante quando se considera a execução orçamental dos dois primeiros meses de 2009, o que reforça uma atenção redobrada para o combate à fraude e evasão fiscais. Com efeito, as receitas fiscais em Janeiro e Fevereiro de 2009 foram inferiores às dos meses homólogos do ano anterior em cerca de 560 milhões de euros (menos 9,5%).
Esta realidade das receitas, aliada ao agravamento da despesa do subsector Estado em mais 247 milhões de euros (mais 3,7% face aos meses homólogos de 2008, não augura nada de bom para o corrente ano em termos de défice e de rigor orçamental e traduz já um agravamento do saldo global negativo em mais de 800 milhões de euros nos dois primeiros meses de 2009 face aos dois primeiros meses de 2008.
A CGTP-IN considera que a elevada quebra de receitas não pode ser explicada apenas pela quebra de actividade económica, mas, também, pelo aumento da fraude e evasão fiscal, incentivada pela permissividade do discurso governamental e pela diminuição do combate a este crime.
A CGTP-IN considera que é necessário medidas urgentes, como:
- Investigação obrigatória pela Administração Fiscal de todas as situações em que a riqueza detida ou sinais exteriores de riqueza não se coadunem com as declarações de rendimento dos contribuintes;
- Investigação obrigatória pelas autoridades judiciais de todas as denúncias de situações de enriquecimento ilícito, nomeadamente quando resultem do exercício de cargos públicos;
- Criminalização de todas as situações de enriquecimento ilícito.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 14.04.2009