A CGTP-IN considera preocupante a evolução do comércio externo na primeira metade deste ano. De acordo com estatísticas publicadas pelo INE, houve um agravamento do défice da balança comercial em 436 milhões de euros no segundo trimestre deste ano. As exportações aumentaram de 15,4% mas houve um crescimento das importações de 13,2%, do qual resultou este défice já que o seu valor supera o das exportações.
Comunicado de Imprensa n.º 044/10
Agravamento do défice comercial no 2º trimestre
CGTP-IN considera a estratégia prosseguida perigosa
A CGTP-IN considera preocupante a evolução do comércio externo na primeira metade deste ano. De acordo com estatísticas publicadas pelo INE, houve um agravamento do défice da balança comercial em 436 milhões de euros no segundo trimestre deste ano. As exportações aumentaram de 15,4% mas houve um crescimento das importações de 13,2%, do qual resultou este défice já que o seu valor supera o das exportações.
O elevado défice da balança comercial constitui um dos principais problemas da economia portuguesa. Este resultado reflecte uma elevada fragilidade do sector produtivo. Qualquer pessoa dela se apercebe ao fazer compras, observando a origem dos produtos. O país não pode produzir internamente todos os produtos que são consumidos, mas o que se verifica é que, em quase todos os sectores, a penetração das importações é muito elevada.
A redução do défice comercial deveria ser uma das prioridades da política económica. Mas não o tem em sido, sendo antes a redução do défice das contas públicas.
Na presente situação, este resultado é particularmente desfavorável já que o Governo conta sobretudo com a procura externa, ou seja com as exportações, para fazer crescer a economia nos próximos anos, como mostram as projecções económicas constantes do Relatório de Orientação da Política Orçamental.
A CGTP-IN considera que esta é uma estratégia perigosa por entender que o crescimento tem de ser também apoiado na procura interna, o que exige que as famílias tenham poder de compra. Ora, com as medidas de austeridade, o rendimento disponível real das famílias irá cair: 1,3% este ano e 0,8% em 2011, segundo as previsões do Banco de Portugal.
A aplicação de medidas de austeridade, como as que o Governo tem vindo a aplicar, não tem apenas consequências no plano da justiça social, penalizando os trabalhadores, os pensionistas e as camadas sociais mais débeis do país, incluindo as pessoas muito pobres que recebem o rendimento social de inserção. Tem também custos económicos pesados com risco de entrada do país num círculo vicioso: quanto mais medidas de austeridade são tomadas para reduzir o défice público mais a confiança baixa, mais a situação económica se deteriora e mais as contas públicas se degradam.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 10.08.2010