O aumento do custo de vida penaliza de forma particular as mulheres dado que são a maior parte dos desempregados e dos trabalhadores com vínculos precários, têm salários e pensões mais baixas, constituem a maioria das famílias monoparentais e da população afectada pela pobreza.
Uma situação agravada com a subida da inflação que não atinge todos de forma idêntica, dado que o peso que tem sobre o poder de compra é tanto maior quanto menor for o salário.
Por isso, não nos conformamos, nem nos calamos, pelo que pagamos!
Não nos conformamos que, por exemplo, num salário de mil euros, a inflação acumulada nos últimos 3 meses, já nos tenha levado 128 euros!
Não aceitamos que os lucros sejam endeusados e os salários espezinhados! E rejeitamos a mentira dos que dizem que o problema da inflação radica nos aumentos salariais, quando a realidade demonstra que o custo de vida é marcado fundamentalmente pelo preço dos factores de produção, como a energia, os combustíveis, os cereais e pela especulação que lhes está associada.
A verdade é que nos últimos anos, apesar da reposição e ligeira melhoria de rendimentos, a inflação manteve-se relativamente baixa.
Fica claro que não são os salários que promovem a espiral inflacionista.
Ao invés, eles são determinantes para a dinamização da economia, a criação de emprego, a sustentabilidade financeira da Segurança Social e o reforço das funções sociais do Estado.
A questão de fundo assenta na necessidade de promover uma justa distribuição da riqueza nacional e salvaguardar o bem-estar da população. E isso não passa pela redução do poder de compra dos salários e das pensões, nem pelo empobrecimento dos trabalhadores e das suas famílias.
Pelo contrário, o Governo português, enquanto accionista da Galp, já devia ter assegurado o controlo da empresa e dos preços dos combustíveis, colocando os interesses do país acima dos lucros do Grupo Amorim e de outros accionistas, a exemplo do que a Alemanha fez com a Gazprom. E ter iniciado uma ampla acção de fiscalização para combater eventuais especulações com preços de produtos alimentares armazenados em centros logísticos da Grande Distribuição.
Não é admissível que enquanto uns continuam a ser fustigados com um custo de vida insuportável, outros enriqueçam com os elevados preços de bens e serviços essenciais.
É tempo de dizer: basta!
Há que perder a paciência para que não nos moldem a consciência!
Há que perder a paciência com a política que fomenta os baixos salários, desvaloriza as profissões e as competências, desregula os horários e coloca a prazo a nossa vida laboral.
Há que perder a paciência com os interesses económicos especulativos e com os sucessivos aumentos dos preços de bens e serviços que corroem o nosso poder de compra.
Há que perder a paciência e exigir o aumento geral dos salários e uma justa distribuição da riqueza.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 11.04.2022