Intervenção Ana Pires
Membro do Conselho Nacional
Solidariedade e Paz
Saúdo todos os delegados e delegadas ao XIII Congresso da CGTP-IN.
Saúdo ainda os convidados internacionais que participam no nossoCongresso e através deles todos os trabalhadores dos seus países.
Vivemos tempos de instabilidade, insegurança e sérios perigos para a paz a nível internacional. Multiplicam-se os cenários de guerra e as noticias das atrocidades cometidas contra os povos e os trabalhadores um pouco por todo o mundo.
O avanço na corrida aos armamentos e no militarismo, a instrumentalização de forças fascistas e terroristas, a generalização de focos de tensão e de desestabilização - promovidos pelas potências da UE e pela NATO lideradas pelos EUA - fomentam a ingerência, a agressão e a guerra.
A ocupação da Palestina e a opressão do povo palestino por parte de Israel; a agressão ao Afeganistão, ao Iraque e à Líbia; a operação contra a Síria; o crescente intervencionismo militar e operações de recolonização em África; a militarização do Extremo Oriente; a permanente tensão na Península da Coreia; a reabilitação do militarismo japonês; o bloqueio contra Cuba e a desestabilização na Venezuela e noutros países da América Latina; o premeditado agravamento da situação na Ucrânia – estas são expressões claras da escalada agressiva do imperialismo.
Precisamos com urgência de forças convergentes unidas na luta contra as guerras e a opressão e pelo fortalecimento do movimento de paz e solidariedade com os povos.
Fruto desta política de guerra e agressão estamos hoje perante a maior vaga de refugiados e imigrantes oriundos de várias regiões do continente africano e Médio Oriente desde a segunda guerra mundial.
Estes movimentos migratórios e de imigrantes mais não são do que a fuga à pobreza, à guerra e à morte. Centenas de milhar de mulheres homens e crianças, famílias inteiras que arriscam a vida em luta pela sua sobrevivência, em busca de uma vida melhor e segurança.
Esta violenta realidade tem causas e responsáveis: os processos de desestabilização em vários pontos do globo e as guerras de agressão imperialistas, a política de domínio económico e de saque dos recursos naturais estão na origem desta realidade monstruosa.
A UE, demonstrando o seu carácter desumano e aliada aos grandes interesses económicos e financeiros, reage de forma vergonhosa a esta realidade, identificando no direito à sobrevivência de milhões de seres humanos uma ameaça, abrindo campo ao racismo e xenofobia.
A resposta necessária a esta situação passa pelo fim das políticas de guerra e ingerência, pelo fim das políticas neocoloniais de exploração dos povos e países de África e do Médio Oriente, pelo respeito da soberania e independência dos Estados, pelo decidido combate à pobreza e por políticas de real solidariedade e cooperação, no respeito pela normas internacionais e pela carta das Nações Unidas.
Passa pelo abandono da política de repressão e de militarização – que apenas aprofunda as causas e alimenta as redes de imigração ilegais e tráfico humano num momento em que se insiste na criminalização de quem mais precisa.
Passa pelo desenvolvimento de uma política humanitária de apoio aos refugiados e de respeito pelos direitos dos migrantes e pelo combate às causas da imigração em massa.
Passa obrigatoriamente pelo respeito dos direitos humanos, sociais e laborais, e do direito dos povos ao desenvolvimento;
Aos que lutam pela paz, onde nos incluímos, coloca-se a exigência do esclarecimento e denuncia, do fortalecimento da luta em prol do desarmamento, em particular do desarmamento nuclear, do fim das bases militares estrangeiras, da dissolução da NATO, da resolução pacífica dos conflitos internacionais, do respeito da soberania e independência nacional, do progresso social, da amizade e cooperação entre os povos.
Apesar de os tempos serem de resistência e acumulação de forças, as dificuldades, as contradições, a crise em que o capitalismo está mergulhado e, sobretudo, a luta crescente dos trabalhadores e dos povos em todo o mundo, pode alcançar importantes conquistas e transformações progressistas e revolucionárias tendo em vista uma nova ordem mundial.
Vamos continuar a afirmar a nossa solidariedade internacionalista.
Solidariedade com os povos vitimas da ingerência, subversão e agressão do imperialismo.
Para com os povos que lutam ainda pela sua libertação nacional como os povos da Palestina e o povo Saharaui, cuja luta pela autodeterminação e independência temos apoiado e continuaremos a apoiar.
Para com os povos que, como na Ucrânia, resistem ao fascismo, ou que, como na Síria, lutam contra a agressão estrangeira e defendem corajosamente a sua soberania.
A CGTP-IN sempre esteve comprometida com as causas da paz e tem promovido e participado em conjunto com outras organizações em inúmeras iniciativas de denúncia e combate às políticas de guerra e agressão.
Vamos continuar a dar o nosso contributo para o alargamento da base social e politica do movimento da paz, reforçando a luta por profundas transformações sociais.
Lançamos pois o apelo a todas as estruturas do movimento sindical para que reforcem e aprofundem a sua acção pela paz, promovendo a discussão e reflexão, para que do esclarecimento dos trabalhadores nasça e se reforce o compromisso e o contributo de classe para com os trabalhadores e povos do mundo, na construção de uma sociedade diferente, mais justa e mais fraterna.
Viva a solidariedade internacionalista!
Viva a CGTP-IN!
Almada, 27 de Fevereiro de 2016
Almada, 26 e 27 de Fevereiro de 2016