Os trabalhadores da empresa A. Gaiteiro, que ocupam postos de trabalho nas linhas de enchimento e produção da Super Bock, viram na passada quinta feira o seu espaço invadido por trabalhadores “mais baratos” sem quaisquer explicações.

Naquilo que aparenta ser uma alteração da empresa prestadora de serviços, os trabalhadores foram surpreendidos com a invasão do espaço por outros, da empresa Servigaia, para aprenderem a executar as tarefas que estes efetuam há mais de 15 anos.

Ainda que em absurdo atropelo da lei, sem qualquer comunicação prévia, responsáveis das três empresas envolvidas assumiram já, no terreno, estarem em processo de mudança da empresa prestadora de serviços, tendo a empresa Servigaia assumido a responsabilidade da prestação até aqui assegurada pela empresa A.Gaiteiro.

Os trabalhadores não foram informados pela sua entidade patronal nem pela Super Bock , mas esperavam até ontem ser contactados pela nova empresa no sentido de se proceder à transferência dos seus contratos, dentro do que lhes é garantido na lei, mantendo remuneração e direitos.

Os trabalhadores da A.Gaiteiro a trabalhar na Super Bock conseguiram, nos últimos anos, importantes avanços no sentido da valorização dos seus salários, bem como da remuneração da prestação de trabalho em laboração contínua e em escala de acrescida carga horária semanal.

O que agora acontece, aparenta ser uma substituição dos trabalhadores em clara retaliação pela ousadia de terem lutado por melhores salários e condições de trabalho, colocando, a desempenhar as mesmas tarefas, trabalhadores com contratos precários e de baixos salários.

Recorde-se que, dado o acentuado recurso da empresa ao trabalho precário, quer por externalização de setores, quer por contratação de empresas de prestação de serviços, os trabalhadores da Super Bock decidiram, num plenário realizado em 2017, reivindicar a passagem de todos os trabalhadores precários aos quadros efetivos da empresa.

Neste âmbito, e inserido do roteiro de combate à precariedade da CGTP, as conversações entre o SINTAB e a Super Bock haviam já resultado na integração de mais de 20 trabalhadores, sendo que, em relação aos restantes 36, a empresa havia já assumido o compromisso de os integrar entre janeiro e março de 2020.

Mais recentemente, a pretexto da previsão em baixa dos resultados de 2020 em sede de orçamentação, a Super Bock veio sugerir o adiamento das integrações desses trabalhadores, mas sem nunca ter posto em causa a sua efetividade.

Ora, a situação com que agora, surpreendentemente, nos deparamos, representa, por parte da Super Bock , um grave e despudorado atropelo aos compromissos institucionalmente assumidos, desvalorizando a sua própria palavra, agravado pela forma desleal e ardilosa que é praticada, escondendo dos trabalhadores o futuro que unilateralmente entenderam hipotecar.

O SINTAB defende que estes trabalhadores têm direito a um contrato efetivo por desempenharem, alguns há mais de 15 anos, uma tarefa permanente, inseridos nas equipas de produção da Super Bock , e recebendo ordens e instruções dos seus responsáveis.

Esta posição do SINTAB reflete a posição dos trabalhadores da Super Bock que reivindicam a inclusão destes trabalhadores nos quadros da sua empresa e solicitaram já a marcação de um plenário, agendado para hoje, segunda feira, dia 30 de dezembro.

Alguns trabalhadores relacionam esta e outras ações de emagrecimento dos recursos com aquilo que aparenta ser uma intenção de venda da totalidade da cota de ações, ainda em mãos nacionais, para as mãos da CARLSBERG que terá imposto condições para aceitação do negócio. A verificar-se, esta operação de transferência viria corroborar aquilo que o SINTAB alvitrava em operações recentes anteriores e representa mais uma grande machadada no esvaziamento do setor produtivo nacional.

Fonte: SINTAB