A dúvida ocorre após confronto entre a actual situação laboral existente na MEO e o conteúdo da entrevista prestada pelo CEO da MEO, no dia 12.12.2016, no programa “Tudo é Economia”, da RTP3, tendo como interlocutor o jornalista André Macedo, (referenciado no Clipping “éPT” de 13.12.2016), e também de outra entrevista publicada no Jornal “Público”, no dia 16.12.2016, da responsabilidade dos jornalistas Ana Brito e Luís Villalobos.
Na entrevista televisiva o CEO da MEO afirmou que:
“... que a PT estará a perder receitas há oito anos e o novo dono está a conseguir inverter o ciclo de perda de receita e com bastante sucesso... que a mobilidade interna está a correr bem e supostamente sem constrangimentos... que não haverá qualquer processo de rescisões activo na MEO...”
Relativamente á entrevista jornalística o CEO da MEO foge à resposta directa sobre se existe algum processo de rescisões na PT afirmando que esse assunto não passa de “mediatização e que tudo o que tem ocorrido na empresa decorre de “um processo completamente normal de gestão”. Afirma desconhecer e nega mesmo a existência de trabalhadores sem funções atribuídas na MEO, negando que exista um ambiente tenso na empresa, considerando a existência de ”um ambiente de perfeito diálogo com os trabalhadores, a CT e os Sindicatos...”
Ora a realidade do ambiente laboral na MEO é bem distinta daquela que o CEO revela conhecer:
• Um histórico de iniciativas unilaterais e polémicas, desenvolvidas pela empresa contra os trabalhadores, com tomadas de medidas pela gestão e posterior informação das mesmas ás Estruturas Representativas dos Trabalhadores;
• Retirada recente de complementos remuneratórios a cerca de 600 trabalhadores da MEO aliada ao congelamento salarial para a maioria dos trabalhadores da empresa.
• Constantes reestruturações com o fim de afectar trabalhadores à chamada internalização ou insourcing revertida em mobilidade geográfica e funcional, alguma de índole ilegal;
• Afectação ás USP, Unidades de Suporte, de trabalhadores considerados “persona non grata” e que se encontram sem funções atribuídas (em paralelo com centenas de entrevistas a trabalhadores com “convite” para rescisão por “mútuo acordo”);
Perante tal desfasamento entre a realidade e o “mundo cor-de-rosa” do CEO da MEO somos obrigados a colocar várias hipóteses :
• Ou o CEO é “marciano” e desconhece grande parte da realidade laboral actual na MEO, ou conhece os factos e está a mentir ou a tentar escamotear a realidade;
• O CEO da MEO está mal informado pelos seus assessores e pelas chefias que coordena.
Como não acreditamos que seja “marciano” ou que se encontre a mentir, estamos convictos que estará efectivamente mal informado! Sendo um gestor responsável, proactivo e competente, irá certamente desenvolver iniciativas para actualizar e corrigir a informação errada que possui sobre o real ambiente laboral existente na MEO e rapidamente desenvolver medidas de gestão para:
• Serem extintas as unidades de suporte e consequentemente terminar a situação ilegal de existirem trabalhadores sem funções atribuídas (sugerimos vivamente que se desloque a um local perto do seu gabinete, na Rua Andrade Corvo nº6 -1º piso em Lisboa, onde se encontram “armazenados” dezenas desses trabalhadores cuja presente situação comporta graves riscos principalmente para a saúde psíquica dos mesmos);
• Pôr fim à mobilidade funcional que não respeite o disposto no artigo 120º do Código do Trabalho.
• Promover um ambiente de trabalho saudável, sem qualquer tipo de coacção nomeadamente no processo de rescisões por “mútuo acordo”, forçado dizemos nós (ex: trabalhadores que tendo patologias incapacitantes para o trabalho, reconhecidas clinicamente, são sujeitos à agonia de terem de se deslocar diariamente para as USP...);
• Promova, dado que a gestão, segundo as suas palavras, está a conseguir melhorar a receita da empresa com grande sucesso, o desbloqueamento do congelamento salarial a que os trabalhadores têm sido sujeitos há anos.
Fonte: SNTCT