Estamos a iniciar uma página sobre as áreas referentes ao Departamento do Desenvolvimento Sustentável no âmbito do Ambiente, mas também no do Consumo e da Economia Social. Queremos tratar questões e problemas como a exploração excessiva dos recursos naturais e a deterioração dos ecossistemas, mas confrontando-os com o crescimento da pobreza e da exclusão e dos direitos do consumidor, na maneira de consumir e de produzir, bem como das cooperações com as organizações da sociedade civil locais e as vocacionadas para o social, como são a economia social, as associações de desenvolvimento ambientais, etc. Iremos, pois, tratar das mais importantes e relevantes questões, de uma forma e ponto de vista sindicais.
Justificação e Estratégia do nosso Comprometimento
O desenvolvimento sustentável consiste em encontrar os meios de harmonia no respeito pela humanidade e pela natureza, responder à satisfação das necessidades básicas e fundamentais das populações, sem comprometer a capacidade de deixar um futuro para a sobrevivência equilibrada das gerações vindouras e, mesmo, das actuais.
Constituem princípios baseados na protecção da natureza, na defesa do consumo justo e sustentável, no combate à exclusão, na democracia participativa, nos mais amplos direitos de liberdade e de igualdade de género, no direito de cidadania e da iniciativa, especialmente da social, sem fins lucrativos, e da solidariedade entre os povos.
Estamos perante o maior desafio da presente conjuntura ao nível Mundial e de cada país individualmente, não escapando, Portugal, a esta situação. O Movimento Sindical não pode ficar alheio a este desafio. Vivemos um período de grande preocupação, em primeiro lugar devido aos desequilíbrios ambientais cujas razões são sobejamente conhecidas, mas as suas graves repercussões e consequências não tanto. Queremos contribuir para a sensibilização destas problemáticas, como é o caso do esgotamento de matérias-primas e de alguns bens alimentares.
Uma Crise Preocupante
Há uma emergente e nova especulação, movida por grandes interesses internacionais, relativa a matérias-primas como o petróleo, mas, agora, alargadas aos cereais e à tentativa do total domínio das fontes de produção de energia e tudo o que a gera, e já espreitam a da água potável, visando transformá-la em futuras fontes de especulação.
A presença deste modelo de desenvolvimento neo-liberal está a repercutir-se cada vez mais na organização da vida social e comunitária, quer dentro das cidades quer no campo, motivadas por uma ordem economicista insensível à natureza e ao ser humano, unicamente motivada pela economia do lucro pelo lucro a que temos de dar combate e onde o Movimento Sindical deve estar na primeira linha.
Após a primeira reunião deste Departamento da CGTP-IN, foi analisada a situação e o trabalho que nos propomos realizar no presente mandato, com a integração destas temáticas que são transversais ao desenvolvimento sustentável, desenvolver uma preocupação de combate à exclusão social ao mesmo nível da defesa do meio-ambiente, do direito dos consumidores e utentes, e a cooperação com iniciativas e organizações de âmbito local e da economia social, especialmente com a solidária.
O plano de acção do departamento corresponde ao aprovado no XI Congresso, que visa sensibilizar e motivar todo o Movimento Sindical para esta causa. Foi nesse sentido que se decidiu iniciar a sensibilização através desta página própria no site da CGTP-IN, e dinamizar o grupo de dirigentes e activistas para a crescente importância desta área que deve ser alargada a mais camaradas das estruturas do MSU.
O AMBIENTE EM ESTADO DE GUERRA NÃO DECLARADA
A presente crise motivada pela chamada globalização, que não atinge todos os povos da mesma maneira, está muito próxima de um clima de guerra.
São os responsáveis da ONU, do Banco Mundial, do FMI e da FAO (Organização Mundial para a Alimentação e Agricultura) que nos recordam que há fome e estamos em clima de guerra porque a fome está sempre associada a esta. Não há um controlo contra a especulação dos bens essenciais como é o caso da energia e da alimentação. Ao mesmo tempo o modelo de desenvolvimento do mercado capitalista especulador é aceite sendo o seu principal causador. É uma grande mentira a regularização do mercado nos preços ou da justa distribuição, porque há um desrespeito pelos direitos da natureza e da humanidade.
As catástrofes naturais geradas pelas alterações climatéricas são autênticas armas de guerra da natureza contra os seres humanos e o seu modelo de desenvolvimento, a sua reacção provoca muitos incêndios e enxurradas com a destruição de bens e de muitas colheitas. Mas, em jeito de resposta, os seres humanos não dão ouvidos e continuam a esgotar os recursos naturais, a criar grandes assimetrias de desenvolvimento entre os povos e o desequilíbrio aumenta ainda mais com mais poluição. Manipulam genes transgénicos ainda sem garantias de segurança e usam-nos e desenvolvem novas doenças propagando-as facilmente como é o caso das vacas loucas, ou da sida, etc.
É preciso actuar com bom senso porque o impacto de políticas erradas exige um recuo imediato.
Os dois por cento de terras aráveis que dizem estarem a produzir cereais para os bio-combustíveis, não conseguem responder ao estipulado pela União Europeia de inclusão no diesel de 10% de biodiesel até 2012 e já estão a trazer consequências nas reservas da produção de trigo na Europa. Podemos prever que o valor do petróleo continuará em crescendo, podendo verificar-se como necessário a adopção de drásticas medidas porque vai ser difícil de contrariar no aumento das áreas para produção de cereais na procura do lucro fácil. Significa que não é para a alimentação mas para produção dos bio-combustíveis e isto faz com que haja mais vontade de desprezar a produção alimentar. Em Portugal, apesar de chamadas de atenção tem actualmente proporções preocupantes.
Por tudo isto pretendemos uma página activa e esclarecedora para consciencializar os trabalhadores sobre estas problemáticas e sugerir medidas de acção individual e colectivas, no meio familiar, social e laboral. Iniciámos aqui com algumas questões. Na defesa do consumidor devemos incentivar a produção nacional e o consumir de preferência o Português. Temos produção de excelente qualidade! Porquê comprar fruta e vegetais de fora? Exigir qualidade e bom preço encontra-se na sensibilização á economia social especialmente nas cooperativas de consumo, a que devemos dar preferência. Lutar contra a especulação é um acto de cidadania que vamos aprofundar em artigos futuros nesta página.