A 22 de maio celebra-se o dia da biodiversidade. Este ano foi escolhido o tema da diversidade biológica insular para coincidir com a decisão da Assembleia-geral das Nações Unidas que designou 2014 como sendo o Ano Internacional dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento. A CGTP-IN associa-se a essa celebração e saúda os trabalhadores e os povos dos Pequenos Estados Insulares.



A maioria da Biodiversidade ainda não é conhecida e, da que está inventariada (cerca de 1,9 milhões de espécies), grande parte não está suficientemente estudada. As estimativas mais recentes preveem que, às taxas atuais de destruição de ecossistemas, 2 a 8% das espécies que vivem na Terra venham a desaparecer nos próximos 25 anos.

A biodiversidade insular, que se celebra este ano, não é apenas de uma importância vital para os habitantes das ilhas. As ilhas são depositárias de informação genética e a sua biodiversidade atual representa o registo de milhões de anos de evolução biológica. Esta biodiversidade tem um valor intrínseco para a humanidade.

Muitas ilhas foram muito mal tratadas no passado, basta lembrarmo-nos dos ensaios das bombas atómicas dos Estados Unidos da América nas Ilhas Bikini ou da França em Taiti ou no Atol de Muroroa. Estima-se que 90% das espécies de aves e 75% de todos os animais que se extinguiram desde o século XVII eram insulares. As ameaças continuam no presente pois algumas ilhas e estados inteiros, devido ao aquecimento do planeta, estão consequentemente a sofrer com subidas das águas dos mares. No futuro próximo prevê-se que a situação se agrave com o aumento das emissões de gases com efeito de estufa que provocam alterações climáticas globais.

Em Portugal, devemos também valorizar as ilhas, como as que constituem os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Aí podemos encontrar, por exemplo a laurissilva, floresta subtropical húmida, que na Madeira foi classificada pela UNESCO como Património da Humanidade.
No entanto verificamos que os meios disponibilizados para o estudo, conservação, divulgação da biodiversidade e educação ambiental são cada vez menos. O Estado português deve contrariar a sangria de meios humanos necessários. Há cada vez mais técnicos superiores a saírem dos serviços das áreas protegidas e que não são repostos. Os vigilantes da natureza não são suficientes nem para as áreas protegidas, mas têm competências para toda a Rede Natura 2000, rede europeia que ocupa 20% do território nacional.

A União Europeia deveria dar especial atenção aos países do Sul da Europa, onde a biodiversidade é maior, mas onde os meios financeiros são na maioria dos casos menores e onde a crise económica se faz sentir com maior intensidade.
O Produto Interno Bruto não reflete nem o valor nem a perda de biodiversidade, no entanto é o que é utilizado para se medir o “rating” dos países. Defendemos que haja uma mudança para que se incluam outros indicadores, como a biodiversidade, na medição do PIB, tal como é Recomendação da própria ONU.

A biodiversidade tem também uma relação com o emprego: em primeiro lugar a biodiversidade e os ecossistemas são a base de grande parte da economia e grande parte dos empregos existentes depende diretamente do seu bom estado. Em segundo lugar uma boa gestão ambiental que proteja a biodiversidade e os ecossistemas é uma importante fonte de criação de novos empregos ditos «verdes». Em terceiro lugar os setores económicos cuja sobrevivência dependa da biodiversidade, quando geridos de forma insustentável, são os principais responsáveis de danos, muitas vezes irreversíveis, nos recursos naturais, na biodiversidade e nos ecossistemas.

A CGTP-IN apela a que se reduza a perda da biodiversidade aumentando os apoios e os meios pela sua defesa, que se melhorem as condições de trabalho, que se possam criar empregos e que se evitem perdas de emprego relacionados com a biodiversidade.

21.05.2014
Departamento para o Desenvolvimento Sustentável da CGTP-IN