Este é um Congresso em tempo muito delicado, um Congresso de grandes desafios
Chegámos a uma situação em que, ou os trabalhadores (com os seus
sindicatos) se mobilizam a questionar este projecto europeu que está a
ser posto em prática, exigindo mudança de rumo, exigindo uma Europa
solidária, de harmonização social no progresso, de cooperação e
integração, respeitando identidades e culturas, uma Europa de
desenvolvimento social e humano, ou a U.E. caminhará para a degradação
social e política e para uma desagregação com grande sofrimento humano.
XII Congresso da Confederação Europeia de Sindicatos
Atenas, 17 de Maio
Manuel Carvalho da Silva
Secretário-geral da CGTP-IN
Este é um Congresso em tempo muito delicado, um Congresso
de grandes desafios
Os graves problemas com que os trabalhadores e os povos se debatem exigem-nos: i) a definição de objectivos mobilizadores; ii) rigor nas análises, afrontando as causas e os responsáveis dos bloqueios em que nos meteram; iii) definição das tarefas prioritárias, a primeira das quais é o reforço da nossa capacidade de acção.
Chegámos a uma situação em que, ou os trabalhadores (com os seus sindicatos) se mobilizam a questionar este projecto europeu que está a ser posto em prática, exigindo mudança de rumo, exigindo uma Europa solidária, de harmonização social no progresso, de cooperação e integração, respeitando identidades e culturas, uma Europa de desenvolvimento social e humano, ou a U.E. caminhará para a degradação social e política e para uma desagregação com grande sofrimento humano.
Os governos procuram engajar os sindicatos a políticas desastrosas, ao serviço dos interesses dos accionistas dos grandes grupos financeiros e económicos, contra os interesses e justos anseios dos cidadãos.
Perante estas políticas, carregadas de injustiças, de falta de ética e de rigor, de ausência de objectivos de progresso, perante a dureza das praticas patronais, os trabalhadores e, em particular, as gerações mais jovens, sentem-se desiludidos e desmotivados.
Neste contexto os sindicatos têm de agir mais nos locais de trabalho, esclarecer e combater medos e silêncios, afirmar propostas alternativas, mobilizar e organizar o protesto e a luta transformadora.
*
Em Portugal temos uma das taxas de actividade mais altas da U.E., horários de trabalho longos, uma das médias salariais mais baixas da zona Euro, a par com a mais injusta distribuição da riqueza. E temos também muita precariedade”!
Os responsáveis pela crise não foram pois os trabalhadores, foram sim as políticas erradas a nível nacional, os caminhos desastrosos a nível europeu e a impunidade da especulação financeira.
Precisamos de uma luta sindical muito forte no plano laboral e social que seja, também, luta ideológica e sociopolítica. Não esqueçamos a génese do capitalismo e o nosso compromisso com as classes trabalhadoras.
Portugal está agora debaixo de um programa imposto pela Troika (UE/FMI/BCE), a que o Governo e os partidos de direita se submetem ou dão apoio entusiástico, à qual os sindicatos vão ter de dar combate em muitos dos seus aspectos, forçando alternativas.
É absolutamente claro que, com tais medidas, o PIB português no final de 2012 terá recuado para o valor de 2002, a dívida externa será maior designadamente em resultado das taxas de juro inaceitáveis e da recessão económica, teremos mais desemprego, privatizações a preço de saldo, pior saúde e ensino, piores salários e pensões, mais desigualdade e pobreza. O país retrocederá no plano económico, social e civilizacional.
Existem alternativas e vamos lutar por elas!
Exigimos e é possível a reestruturação da dívida: o alargamento do prazo para a redução do défice público; taxas de juro justas; caminhos novos para a obtenção e utilização dos recursos financeiros; e, reorientar o crédito e o investimento para apoio a actividades produtivas de bens e serviços úteis e a criação de emprego.
Vamos combater a onda privatizadora, lutar por melhorar os salários, a protecção social e a efectivação da contratação colectiva. Estamos numa situação de esvaziamento e boicote à Contratação Colectiva e ao diálogo social que tem de ser travada.
Temos de, com unidade e acção, construir esperança e confiança no futuro.
Vivam os trabalhadores europeus!