A CGTP-IN condena veementemente a decisão do Senado Brasileiro, no seguimento do processo desencadeado anteriormente na Câmara dos Deputados. Foi assim consumada uma primeira fase de um processo golpista, cujos próximos passos estão ainda indefinidos, mas que desde já afasta a Presidente legítima e democraticamente eleita, Dilma Rousseff e coloca provisoriamente na Presidência Michel Temer, um político formalmente acusado de corrupção e totalmente comprometido com as manobras golpistas em curso.
Como a CGTP-IN tem afirmado ao longo deste processo, o que os golpistas pretendem é uma autêntica revanche em relação aos progressos económicos e sociais do Brasil nos últimos 13 anos, com Lula e Dilma, a favor dos trabalhadores e da maioria do povo brasileiros, designadamente o
acesso à educação, que conseguiu o crescimento do numero de filhos de trabalhadores e de camadas mais desfavorecidas nas escolas e universidade; os projectos de apoios sociais que visam acabar com a fome e entregar casas a quem mais precisa. Trata-se de um verdadeiro ajuste de contas com o progresso e a consolidação das leis do Trabalho e com todas as conquistas laborais e sociais, desde a diminuição do desemprego, os 30 dias de férias, o 13º Mês, a diminuição do desemprego ou a redução do horário de trabalho. É também o ataque à recuperação do salário mínimo que desde a chegada de Lula cresceu perto de 50%.
O Plano Ponte para o Futuro que o PMDB e Temer apresentaram têm claros objectivos, dar resposta ás exigências do Capital e que o Presidente da Federação da Industria de São Paulo bem exemplificou ao afirmar que os trabalhadores não precisam de hora de almoço, podem comer uma sandes com uma mão e trabalhar com a outra como nos EUA.
Fica ainda claro que os EUA e os seus aliados na Europa e no mundo desejam, desde há muito, derrotar o que nunca aceitaram – governos com posições democráticas e progressistas e de defesa da soberania nacional. O grande capital e os governos ao seu serviço não a resistência e as lutas populares e posicionamentos de governos que negaram a ALCA em 2005 e criaram verdadeiras ferramentas de cooperação como a ALBA e a CELAC, assim como a participação do Brasil no quadro dos BRICS.
O caminho soberano da América Latina foi uma lufada de ar fresco para a luta dos povos e dos trabalhadores, elevou o patamar de cooperação entre os povos, trouxe transformações e avanços nas condições de vida dos trabalhadores desses países.
Reafirmamos por isso a nossa solidariedade com as forças progressistas e com os trabalhadores que por toda a América Latina lutam e resistem pela soberania e pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Reiteramos a nossa mais activa solidariedade com os trabalhadores, o movimento sindical e o povo do Brasil que está nas ruas e nos locais de trabalho a resistir e a lutar contra o golpe e a defender a democracia e a soberania do seu país.
Lisboa, 13 de Maio de 2016