A intenção da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em aumentar as comissões bancárias cobradas aos seus clientes é inaceitável. A medida anunciada afecta milhares de pensionistas e trabalhadores que até agora tinham isenção no pagamento pelo uso dos serviços bancários. É injusta do ponto de vista social, errada a nível económico e insustentável no plano político.
Numa altura em que se discute o acesso à reforma sem penalizações dos trabalhadores com longas carreiras contributivas e se repõem, ainda que de forma limitada, os rendimentos dos assalariados, a CGTP-IN considera inadmissível que a Administração da CGD opte por taxar quem trabalha e trabalhou para minimizar os prejuízos de negócios ruinosos feitos no passado. Ainda no plano social, a CGTP-IN lembra que muitos dos que seriam afectados pela medida não têm quaisquer alternativas, o que reforça a necessidade de intervenção do Governo sobre esta matéria.
Já do ponto de vista económico, a CGD dá um mau exemplo não só porque incentiva a adesão ao cartão de crédito e obriga ao seu uso, mas também porque reforça a tendência do sector financeiro que, ao invés de apostar no investimento produtivo, coloca verbas colossais nos “ativos financeiros disponíveis para venda”, ou seja, na especulação, prática que não pode ser desligada do aumento das comissões, taxas e outras formas de financiamento. Acresce o facto de os contribuintes terem sido chamados, por via do Orçamento do Estado, a pagar os sucessivos aumentos de capital realizados na CGD
Politicamente, há muito que a CGTP-IN enfatiza a premência de uma gestão pública da CGD, assente num modelo de negócio que tenha por objectivo o desenvolvimento do país e a satisfação das necessidades dos trabalhadores e das populações. A CGD não pode continuar a ser um “banco privado” quando estão em causa os direitos de quem aí trabalha, ou práticas que penalizam as pessoas que ali depositam os salários e pensões e um banco público, quando se trata de a colocar a contribuir para acudir à banca privada.
Neste quadro, a CGTP-IN rejeita o encerramento de balcões e a redução do número de trabalhadores e consequente diminuição da qualidade do serviço e condena todas e quaisquer pressões sobre os profissionais da CGD com vista à sua saída forçada. O banco público tem um serviço social e um papel insubstituível na promoção da coesão territorial que, com as medidas colocadas em prática e as agora anunciadas, é colocado em causa.
A CGD é a maior instituição bancária do país, pela confiança que nela depositam os seus clientes, pelos seus trabalhadores e pelo facto de ter como acionista o Estado. Exige-se pois, que recue na medida agora anunciada. Se o fizer presta um bom serviço aos trabalhadores, aos pensionistas e ao país.
DIF/CGTP-IN
24.07.2017