Os dados divulgados pelo INE sobre o Inquérito às Condições de Vida e de Rendimento, com base no qual é calculada a taxa de pobreza, reflectem desde logo que cerca de 500 mil trabalhadores empobrecem a trabalhar.
A pobreza laboral ultrapassa os 497 mil e, apesar da descida percentual, aumentou o número de trabalhadores que empobrece a trabalhar face ao ano anterior, sendo que o aumento em relação a 2013 é superior a 23 mil. Esta evolução negativa, que se reflecte tanto nos homens como nas mulheres, não pode ser dissociada das condições de trabalho em que impera a precariedade dos vínculos e os baixos salários.
O rendimento médio disponível das famílias, avaliado a preços de 2016 foi ainda inferior ao verificado em 2004, o que mostra o impacto das medidas de empobrecimento da população e exploração dos trabalhadores situação agravada com a política de direita, a circulação do Euro e o Memorando da troika.
Os dados publicados confirmam a informação já conhecida referente a 2016. Assim, a pobreza abrange 18,3% da população (1,9 milhão de pessoas), atingiu 44,8% dos desempregados e 10,8% dos trabalhadores. Já a pobreza e a exclusão social, estava nos 23,3% (2,4 milhões), num quadro em que o limiar de pobreza corresponde a 454 € mensais.
Para a CGTP-IN, sendo positiva a redução do número de pobres no nosso país, é particularmente preocupante a situação dos que dependem da venda da sua força de trabalho para sobreviver. O aumento do número de trabalhadores em situação de pobreza laboral, aos quais se junta o aumento percentual deste flagelo entre os desempregados, remete para a urgência da alteração das normas gravosas da legislação laboral, o aumento geral dos salários e das pensões e o alargamento da protecção social no desemprego. A valorização do trabalho e dos trabalhadores é, ainda, uma condição determinante para combater a pobreza que atinge uma em cada cinco crianças e jovens no nosso país.
Para Portugal avançar é preciso romper com a política de direita que o fez recuar!