Os dados conhecidos de um relatório de auditoria à Caixa Geral de Depósitos confirmam a apreciação, os alertas e as críticas que a CGTP-IN tem vindo a realizar à gestão do banco público. Uma gestão em que o desenvolvimento do país e o apoio ao sector produtivo e às famílias são subjugados aos interesses dos grandes grupos económicos privados e a critérios de maximização da rentabilidade que desviam recursos para a esfera financeira e a aquisição de acções e outras participações que beneficiam os especuladores e prejudicam o Estado e o povo português.
O relatório confirma que:
Não são, nem foram, os trabalhadores e a generalidade da população que viveram acima das possibilidades, como alguns dos visados no documento afirmavam, mas, entre outros, um restrito número de banqueiros que usaram e abusaram do sector financeiro para enriquecer à custa de negócios fraudulentos e ruinosos para o erário público. Os mesmos que ficaram com os dividendos quando os negócios corriam bem, foram os que após serem conhecidos os prejuízos transferiram para os portugueses o pagamento da factura. Só na CGD estimam-se perdas em mais de 1,2 mil milhões de euros, estando longe de ser um caso isolado, com a generalidade das instituições bancárias a operar no nosso país a apresentarem rácios de imparidade do mesmo nível ou superiores;
Alguns dos empréstimos concedidos traduzem situações de compadrio e cumplicidade que configuram práticas de gestão danosa e até criminosa, que não podem ficar impunes. Quem avalizou os negócios ruinosos agora conhecidos tem de ser punido, quem deles beneficiou tem de pagar! É escandaloso verificar a leviandade com que se contabilizam como imparidades os empréstimos cedidos e não pagos, arcando o contribuinte, a maioria com baixos salários e reformas, com os seus custos, ao mesmo tempo que quem os concedeu recebia prémios pelo bom desempenho e quem deles beneficiou manteve os níveis de ostentação como se nada de anormal tivesse acontecido;
Os sucessivos governos têm responsabilidade acrescida. Foram lestos em dar cobertura ao despedimento de trabalhadores, ao encerramento de balcões e ao cerceamento do serviço social que a CGD prestava em muitas localidades, designadamente no interior do país. Os montantes envolvidos e os custos acrescidos divulgados no relatório são o resultado da opção política em fazer da CGD um banco público que funciona na lógica da gestão privada, com a agravante de, sempre que foi necessário, ser usado para acorrer aos devaneios do sector financeiro, convertendo-se num veículo da transferência de verbas do Orçamento do Estado para o sector privado. Uma prática economicamente inadmissível, que suga recursos, condiciona o apoio às famílias, às micro e pequenas empresas e ao desenvolvimento do país.
Face aos dados que agora foram tornados públicos não se entende por que razão as entidades que deles tinham conhecimento primaram pelo silêncio, quando se justificava e exigia que divulgassem e iniciassem um processo de responsabilização política, profissional e pessoal dos envolvidos nesta situação.
Para a CGTP-IN é tempo de passar das palavras aos actos. A culpa não pode morrer solteira.
23.01.2019
CGTP-IN