O 1º de Maio da CGTP-IN foi a voz de todos os trabalhadores, cumprindo as regras do distanciamento sanitário e de protecção e prevenção da saúde e exigindo a efectivação de todas as normas de protecção individual e colectiva para todos os que continuam a trabalhar e para aqueles que vão retomar a sua actividade brevemente.
Não pudemos realizar as manifestações que teriam a participação de centenas de milhares de trabalhadores nem realizamos qualquer acção nacional. Assim, os participantes nas iniciativas da CGTP-IN, nomeadamente a de Lisboa, na Alameda D. Afonso Henriques deslocaram-se de pontos da Área Metropolitana, em transporte individual ou em autocarros cuja lotação não ultrapassou um terço da capacidade, usando todos os equipamentos de protecção individual (EPI). Não houve proximidade entre trabalhadores, nem o habitual convívio, mas apenas o exercício de um direito que conquistámos em Abril de 1974 e do qual não abdicamos.
As iniciativas que a CGTP-IN realizou no 1º de Maio em 24 localidades deram voz aos milhões de trabalhadores que em Portugal estão a sofrer as consequências das opções e desequilíbrios das medidas decididas no plano económico e social, que estão a ser brutalmente agravadas no quadro do surto epidémico e da necessidade de encerramento de algumas actividades e confinamento de grande parte dos trabalhadores e da população.
Perante a força, organização, determinação e disponibilidade para a luta manifestada neste 1º de Maio, há sectores da nossa sociedade que procuram no surto epidémico a justificação para o regresso ao passado, para a reintrodução do totalitarismo, de mordaças e do unanimismo como única forma de pensar e estar. Procuram que os trabalhadores aceitem, passivamente ou encobertos exclusivamente nas redes sociais, o ataque aos seus direitos e salários.
A CGTP-IN repudia veementemente o exercício persecutório aos que ousam lutar usando o espaço público. Tal acção não é compatível com a democracia. Os direitos, nomeadamente os direitos colectivos dos trabalhadores, não estão suspensos e nas iniciativas realizadas foram garantidas todas as normas de protecção da saúde e distanciamento sanitário, como aliás foi publicamente constatado por todos. Aliás esta campanha, que também já tinha sido tentada nas comemorações do 25 de Abril, tem como objectivo tentar impedir a luta e as acções em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores não só no 1º de Maio mas também no futuro.
Nas iniciativas da CGTP-IN a voz dos trabalhadores esteve na rua, em luta, no 1º de Maio por direito e por dever, porque não aceitamos o aumento da exploração, porque temos propostas alternativas, porque urge romper com a política que gera desigualdades, precariedade, baixos salários e mantém o país amarrado a uma economia assente na fraca incorporação de valor acrescentado e sujeita a instrumentos supranacionais que atacam o desenvolvimento soberano de Portugal.
O 1º de Maio foi um exemplo do exercício de um direito arduamente conquistado. Não só cumprimos todas as regras, como exigimos que estas sejam efectivadas para os que diariamente são confrontados com a insegurança de transportes públicos a abarrotar, locais de trabalho em que não se garante o distanciamento físico nem a provisão pelas entidades patronais dos EPI, a que se junta a pressão e chantagem, a imposição de directrizes que violam direitos fundamentais, numa acentuação da exploração que combatemos e iremos continuar a combater.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 03.05.2020