Camaradas, que grande Dia de Luta!
Por todo o país, em todos os sectores, são muitos milhares os trabalhadores que dão expressão à sua indignação, que protestam e lutam por mais salários, por melhores condições de trabalho, que exigem resposta aos problemas que se acumulam e que não aceitam que continuem.
Greves e paralisações, plenários e concentrações nos locais de trabalho e Praças da Indignação em todo o país - como esta grande acção que estamos a realizar em Lisboa - onde convergem trabalhadores, reformados e pensionistas e outras camadas da população que não se conformam com as inevitabilidades, com a insuficiência das medidas do Governo, com a opção pelo assistencialismo, pela permissão da especulação e do aproveitamento do grande capital.
As nossas dificuldades são lucros para os grandes grupos económicos e financeiros. O outro lado da moeda dos salários que não chegam e das pensões que faltam, está nos colossais lucros que todos os dias são anunciados, milhões e milhões de euros que saem dos nossos bolsos para engordar os mais ricos entre os ricos, para aumentar as desigualdades, para manter a maioria com um nível de vida que se degrada e a minoria do costume com cada vez mais.
Não pode ser, não tem de ser assim. Há alternativas!
Falam dos salários que são baixos, patrões e comentadores, o governo e a direita, mas sempre que chega a altura de decidir, uns e outros optam por manter tudo na mesma.
Sim camaradas, os salários são baixos e, por incrível que pareça, a solução para ultrapassar esta situação é simples. Se são baixos os salários, então que se aumentem, que se derrubem as barreiras que os comprimem, que se acabe com a hipocrisia da proclamação e se passe à acção.
É baixo o Salário Mínimo Nacional? O Governo que assuma a nossa reivindicação e que o fixe já nos 850€. 850€ como primeiro passo para um processo de evolução que acabe de vez com a infâmia que é continuar a haver no nosso país quem trabalhe oito e mais horas e mesmo assim não ganhe o suficiente para deixar a pobreza.
São baixos os salários? Então por que se insiste em manter os mecanismos que o degradam, porque se opta por manter a caducidade na contratação colectiva e por não repor o princípio do tratamento mais favorável? Que Agenda é esta que vão votar amanhã para o trabalho, que dignidade se quer, quando o Governo mantém os instrumentos que o patronato usa para fazer chantagem, para bloquear a negociação colectiva, para condicionar o aumento dos salários e assim garantir o aumento dos lucros?
Na Administração Pública, são baixos os salários? Tão baixos que provocam a sangria de trabalhadores, que põem em causa o funcionamento dos serviços? Então porque insiste o Governo em impor e aprofundar a política de empobrecimento dos que todos os dias garantem a educação, a saúde, a protecção social, a justiça, a cultura, a higiene urbana, a segurança, os transportes e tantas outras necessidades que com a luta transformámos em direitos e que hoje se degradam. Uma degradação que abre as portas ao negócio privado que beneficia a tal minoria, mas que nega o acesso a muitos milhares e hipoteca o futuro.
Vejam-se os acordos que foram negociados, tanto para o sector privado como para a Administração Pública, que comprovam ser um engano! Em vez do tão propagandeado aumento, traduzem-se em empobrecimento garantido, benefícios fiscais para as grandes empresas e grupos económicos e aumento das desigualdades.
Os valores que tanto foram propagandeados como aumentos significativos são agora assumidos pelos patrões como tectos salariais, como tantas vezes denunciámos! O que propõem (quando o fazem) é a manutenção do mesmo modelo de precariedade e baixos salários, agravado pela brutal perda de poder de compra, avançando com valores para as actualizações salariais que ficam muito longe da reposição do poder de compra perdido e mais longe da tão necessária valorização salarial.
E não nos venham com a conversa de que é preciso produzir mais para depois distribuir, ou de que vem aí a “espiral inflacionista”, ou que era a pandemia, agora a guerra e depois qualquer outra desculpa, porque os salários têm de aumentar agora, porque é agora que falta para a comida, para a casa, para o aquecimento, para os medicamentos.
É agora camaradas(!) que nos falta, é agora que não temos o suficiente para as necessidades dos nossos filhos e das nossas famílias.
Não podemos, não queremos e não temos de esperar mais. Já o dissemos e aqui o repetimos, o “depois” deles tem de ser agora!
Mais salários, melhores direitos, porque é aqui que reside o desenvolvimento de Portugal. Os direitos não são inimigos do crescimento, essa foi a prática do PSD e do CDS com a troica, que empurrou o país para recessão e a população para o empobrecimento. Uma prática que a IL e o Chega trazem no discurso e na vontade, e que o Governo PS parece querer manter em nome das tais “contas certas”, que de certo só têm o desastre provado no passado, o aumento da exploração, das desigualdades e injustiças que provocam.
Sim camaradas, falamos da necessidade de romper com este modelo. Falamos de opção e da necessidade de esta opção ser por outra política.
Não basta afirmar, é mesmo preciso mudar.
É mesmo preciso acabar com a exploração e responder aos problemas.
Não queremos apoios que aliviam um mês, mas não resolvem os outros 11, queremos salários e pensões que nos permitam viver com dignidade, queremos o que é o nosso por direito, porque somos nós que produzimos a riqueza.
Exigimos o direito à habitação, cuja garantia se esfumaça no preço das rendas e nos salários e pensões que são comidos pelos juros insuportáveis cobrados por uma banca que vai de recorde em recorde de lucros a cada divulgação de resultados.
O direito a uma casa, a um tecto, a ter possibilidades de a aquecer sem que os lucros dos grupos económicos da energia determinem o ligar ou desligar do aquecedor.
É a exploração, numa das suas formas mais brutais, a que se expressa na falta de condições das odemiras e mourarias, e nestes como noutros casos, o problema não está nos que vêm de fora, o problema está em quem os e nos explora!
Exploração que em nome dos lucros das sonaes e jerónimos martins, tira da mesa de quem trabalha e trabalhou, para servir no banquete dos dividendos de centenas de milhões de euros da grande distribuição.
Nos nossos sacrifícios está o lucro deles. Não é uma fatalidade é o resultado de opções políticas.
Porque rejeita o Governo a imposição de preços máximos nestes bens e serviços de que precisamos todos os dias para viver?
Porque resiste sempre a taxar o grande capital e não alivia os impostos que incidem sobre os rendimentos do trabalho?
Porque insiste o Governo na privatização, acenando agora com a TAP, conhecidos que são os efeitos da privatização dos CTT, da EDP, da PT, da GALP, da banca, dos transportes e de tantas outras empresas e sectores que antes estavam ao serviço do desenvolvimento e hoje só respondem à gula dos accionistas?
Sim camaradas, exigimos outra política.
Exigimos mais e melhores condições de vida, mais e melhor repartição da riqueza.
Exigimos que um trabalhador num posto de trabalho permanente, tenha um vínculo efectivo, seja na hotelaria ou na construção, na agricultura ou na indústria, no sector público ou privado. A estabilidade laboral é um direito por cumprir, é um factor de desenvolvimento por efectivar, não o cumprir é o adiar de projectos de vida que não pode continuar.
Exigimos que se acabe com a necessidade dos que têm de ter 2 e 3 empregos, que trabalham 8, 9, ou 10 horas, que se acabe com a generalização do trabalho por turnos e do trabalho à borla do regime do banco de horas.
É a nossa acção, a unidade de todos os trabalhadores, o esclarecimento e a mobilização, que em cada empresa e local de trabalho, vão forçar ao aumento de pelo menos 10% com um mínimo de 100€ nos salários. Se tudo aumenta, os preços e os lucros, então os salários também têm de subir. Não há volta a dar, não desistimos e insistimos nesta reivindicação até que chegue ao bolso de cada trabalhador uma parte maior da riqueza que todos os dias produzimos.
É a nossa acção, organizados nos sindicatos de classe da CGTP-IN, dos que lutam hoje, lutaram ontem e lutam sempre, que vamos forçar à efectivação da contratação colectiva, à garantia da liberdade sindical e ao combate aos que tentam limitar o direito à greve.
É juntando mais, trazendo outros para a luta, unindo onde outros querem dividir, que vamos conquistar o direito a horários regulados, que vamos impor a redução do tempo de trabalho para as 35 horas como máximo para todos.
A nossa reivindicação é portadora de futuro, de esperança, de confiança, da garantia que o nosso país tem de caminhar no sentido da elevação das condições de trabalho e de vida.
Avançar nos direitos, no direito ao trabalho com direitos e a mais salários, mas noutros que também são conquista de Abril, consagrados na Constituição, que as forças mais reaccionárias querem, 50 anos depois, destruir, e o que temos é que fazer cumprir!
Na saúde, ameaçada por décadas de desinvestimento, ameaçada por na sua órbita andarem os cangalheiros do negócio da doença, dos que querem transformar em lucro o direito conquistado pela nossa luta. A saúde e o SNS que a tem de garantir, é ameaçado pelos que o querem destruir e pelos que pouco ou nada fazem para o melhorar. É ameaçado pelos que degradam as condições de trabalho, negam o direito à carreira, negam salários, negam o investimento em mais e melhores serviços, fecham unidades e valências, deixam milhares sem médico de família.
A campanha da CGTP-IN em defesa e pela melhoria do SNS não só não vai parar, como vai continuar, até que seja o SNS, público, gratuito e de qualidade a garantir a todos o direito à saúde!
Na educação, onde faltam professores, administrativos, auxiliares, psicólogos e outros especialistas, onde faltam carreiras e progressões, estabilidade e vínculos, e querem fazer desaparecer anos de serviço, onde o salário não chega para pagar a casa, onde o colégio privado espreita para ocupar o lugar que é, e tem de continuar a ser da Escola Publica, gratuita, inclusiva e de qualidade, aqui estamos na luta, aqui vamos estar no próximo dia 11 de Fevereiro, e nas próximas lutas, porque também na educação não vamos parar até que o ensino de qualidade seja garantido a todos, até que todos tenham neste e em todos os sectores as condições de trabalho que reivindicam e a que têm direito.
Na protecção social, que querem substituir pelo seguro privado, no poder local democrático que querem enfraquecer com a municipalização, na justiça que querem vedar aos trabalhadores e ao povo, na habitação sujeita à especulação, aqui estamos, para afirmar, defender e lutar pela melhoria dos nossos direitos.
É possível, é necessária outra política, que valorize o trabalho e os trabalhadores.
Uma política que tem na acção que hoje desenvolvemos, na acção e luta de sempre e que ao longo dos últimos meses intensificámos, uma condição determinante para a conquista de direitos - como os resultados já alcançados em muitas empresas demonstram.
São muitos milhares de trabalhadores os que estão hoje em greve e em luta – do sector privado e do sector público. Da administração pública (das escolas, das autarquias, da saúde). Do sector privado seja na indústria (indústrias eléctricas, metalúrgicas, química, alimentar, têxteis, vidreiros, cerâmica, cortiça). Seja no comércio (empresas de distribuição, retalhista, logística). Nas pescas e na agricultura, nos transportes e comunicações, no sector social e na hotelaria, são milhares a exigir salários e direitos, a exigir medidas concretas que travem a especulação por detrás do aumento do custo de vida, são muitos, mas temos de esclarecer e mobilizar ainda mais.
A luta vai continuar e intensificar-se em todos os sectores e convoca-nos a todos. A todos os que são explorados e lutam por uma vida digna. Pelo aumento dos salários e pensões, pelo controlo dos preços, por horários regulados, contra a precariedade, por emprego com direitos, contra as injustiças e desigualdades, vamos dar voz à indignação e ao protesto. Vamos exigir resposta às nossas justas reivindicações e ao desenvolvimento do país.
Unidos, vamos à luta!
VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!
VIVA A CGTP-IN!
A LUTA CONTINUA!